Petrobras destina US$ 11,5 bi para baixo carbono em novo plano

Estatal vai dobrar investimentos em iniciativas de transição energética nos próximos cinco anos, segundo novo documento de estratégia

Rio de Janeiro - Edifício sede da Petrobras no Centro do Rio. (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Rio de Janeiro - Edifício sede da Petrobras no Centro do Rio. (Fernando Frazão/Agência Brasil)
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A Petrobras anunciou na noite desta quinta-feira seu novo plano estratégico para os investimentos a serem feitos entre 2024 e 2028. O conselho da companhia aprovou um orçamento de US$ 102 bilhões para o período, um valor 31% maior em comparação com o plano anterior e dentro da expectativa do mercado. 

Do montante, US$ 11,5 bi serão destinados para a área considerada de baixo carbono pela companhia – mais que o dobro dos US$ 4,4 bi aprovados no ano passado. Em termos percentuais, isso equivale a 11% do investimento total. A previsão é que essa participação chegue a 16% em 2028.

A maior parte vai para fontes limpas de energia: US$ 5,2 bi para energia eólica e solar; US$ 300 milhões para hidrogênio, captura de carbono e para investimentos de venture capital; e US$ 1,5 bilhão para biorrefino. 

Outros US$ 3,9 bi serão destinados à descarbonização das suas próprias operações, com foco na redução das emissões diretas (escopo 1) e associadas à eletricidade usada no processo (escopo 2), e no fundo de descarbonização. Pesquisa e desenvolvimento na área de baixo carbono levou US$ 700 milhões. 

Mas a maior parte das emissões da Petrobras se concentra no chamado escopo 3, que corresponde ao uso do óleo e gás por seus clientes. 

Esse é o primeiro plano aprovado na atual gestão. O presidente da companhia, Jean Paul Prates, foi indicado ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

À frente da recém-criada diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade da companhia, Maurício Tolmasquim já havia informado que a estratégia da estatal para entrar em renováveis deve se basear em parcerias no Brasil e no exterior.

A Petrobras tem planos de desenvolver e operar seus próprios parques eólicos na costa brasileira, mas ainda espera definições regulatórias. A expectativa é que esses projetos só entrem em operação no fim desta década.

O processo de negociação do plano estratégico foi marcado por embates entre conselheiros, segundo notícias veiculadas na imprensa, e a cadeira de Prates esquentou em meio à resistência da Petrobras em reduzir os preços da gasolina e na aprovação dos futuros investimentos.

Em nota, o CEO afirmou: “Vamos fazer a transição energética de forma gradual, responsável e crescente, investindo em novas energias e sem abrir mão, de uma hora para outra, da produção de petróleo ainda necessária para atender a demanda global de energia e financiar a transição energética”. 

De longe, a maior parte dos recursos vai para o segmento de exploração de petróleo e gás. São US$ 73 bilhões, com quase 70% focados no pré-sal. 

Esse valor inclui US$ 7,5 bi na exploração de novas reservas. A Margem Equatorial, palco de disputas entre as alas ambiental e de combustíveis fósseis do governo, deve receber US$ 3,1 bi em investimentos, assim como as Bacias do Sul. Ao menos 50 novos poços devem ser abertos nas áreas em que a Petrobras já conquistou os direitos de exploração. 

Mais detalhes sobre o novo plano estratégico devem ser apresentados pelos executivos da Petrobras na manhã desta sexta-feira, 24.