A startup sueca Northvolt, que fabrica baterias para carros elétricos, pediu falência nesta quarta-feira (12) após quatro meses em recuperação judicial.
Fundada em 2016, a empresa tentava substituir baterias feitas na Ásia na cadeia automobilística das montadoras europeias.
O domínio da tecnologia tem ganhado relevância estratégica em meio à transição energética e ao crescimento dos riscos geopolíticos.
Países europeus tentam frear a enxurrada de insumos e produtos chineses no continente, que seriam indevidamente subsidiados pelo governo de Pequim. Carros elétricos, por exemplo, estão sujeitos a tarifas desde o ano passado.
Para evitar a falência, os executivos da Northvolt tentavam captar US$ 1 bilhão com investidores sob o regime de recuperação judicial dos Estados Unidos conhecido por “Chapter 11”. O dinheiro novo evitaria o fechamento da única fábrica, no norte da Suécia. As tentativas, porém, não evoluíram.
Executivos apontaram que a recusa do governo sueco em oferecer subsídios foi determinante para a crise.
Desde a criação, a startup captou US$ 15 bilhões e contava com Volskwagen e Goldman Sachs entre os maiores acionistas, cada uma com cerca de 20% do capital.
Em balanço anual divulgado esta semana, a Volkswagen revelou que já fez uma baixa contábil de 661 milhões de euros em perdas referente a equity e a financiamentos feitos na companhia.
Motivos para a crise
Reportagem do jornal britânico Financial Times ouviu funcionários e investidores à época do pedido de recuperação judicial.
O principal problema da Northvolt era a dificuldade em alcançar a grande escala. Mesmo com encomendas fechadas, a produção não engatava.
Ela teria sido de 1% do volume prometido em 2023. Ao mesmo tempo, a empresa tinha apetite grande por expansão e queria construir novas unidades no Canadá, Alemanha e Polônia.
Empregados também disseram ao jornal que havia problemas de gestão, padrões de segurança e dependência excessiva de insumos chineses.
Em novembro, o confundador e então CEO Peter Carlsson defendeu que os negócios continuariam viáveis, mas reconheceu que a empresa foi “excessivamente ambiciosa”.
“Eu deveria ter puxado os freios antes para garantir que o motor estivesse se movendo conforme o planejado”, disse ao jornal Financial Times.
Com a frustração das entregas ainda em 2024, clientes recorreram justamente aos asiáticos. A BMW pediu baterias à coreana Samsung numa compra estimada em US$ 2 bilhões.
A fábrica sueca, um centro de pesquisas, áreas compradas e permissões de construção já conferidas estão entre os ativos da Northvolt.
Segundo o Financial Times, a Volkswagen e a Scania, com quem a empresa tinha contratos de fornecimento, têm interesse em adquirir parte dos ativos.