A mineradora australiana Pilbara Minerals anunciou a aquisição da Latin Resources, startup que tem reservas de lítio na região de Salinas, no norte de Minas Gerais. O minério é um ingrediente essencial das baterias.
O valor da transação é de cerca de US$ 370 milhões e envolve troca de ações. Como a Pilbara, a Latin Resources, também da Austrália, é listada na bolsa de Sydney.
Um dos depósitos identificados pela Latin Resources, batizado de Colina, fica próximo da área em que a brasileira Sigma Lithium está produzindo há pouco mais de um ano.
A Latin Resources ainda não iniciou a extração do minério. O potencial total de produção da companhia no Vale do Jequitinhonha é estimado em 70 milhões de toneladas de concentrado de espodumênio, uma rocha que contém lítio.
O plano da Latin Resources é montar uma operação semelhante à da Sigma: fazer um beneficiamento inicial do minério em uma unidade junto às minas e depois enviá-lo para a China.
Praticamente todo o refino do lítio para que ele possa ser usado em baterias é realizado por companhias chinesas.
Para a compradora Pilbara, o negócio vai aumentar em cerca de 20% as reservas de lítio detidas pela companhia. Hoje, a maior parte delas fica na região oeste da Austrália.
Em conferência com os investidores, o CEO da Pilbara, Dale Henderson, afirmou que o negócio é uma diversificação das fontes de receita além da mina australiana de Pilgangoora, principal ativo da mineradora.
Henderson afirmou que o mercado global de lítio “mantém sua reputação de volatilidade”. Os preços do minério hoje estão 80% abaixo dos registrados no começo de 2023.
As explicações são o aumento da produção, o excesso de capacidade nas fabricantes chinesas de baterias e uma desaceleração nas vendas de carros elétricos nos países ricos do Ocidente.
Ainda assim, o CEO da Pilbara mencionou projeções para 2040 que mostram um déficit entre a oferta e a demanda equivalente ao tamanho de “19 Pilbaras”.
Fundada em 2011, a Sigma Lithium saiu bem na frente das concorrentes na prospecção dos depósitos de lítio no norte de Minas Gerais e conseguiu aproveitar os momentos derradeiros do recente hype do lítio.
A companhia é listada na Nasdaq desde 2018. Suas ações, que chegaram a valer quase US$ 42 em meados do ano passado, eram negociadas por US$ US$ 9,8 na metade do pregão desta quinta-feira.
A queda no preço do lítio no mercado internacional atrapalhou os planos da co-fundadora e CEO da Sigma, Ana Cabra, de vender a companhia. O valor de mercado da empresa está em US$ 1,07 bi.