Num movimento histórico, o Senado dos EUA aprovou ontem o projeto da Lei de Redução da Inflação, que inclui um pacote ambiental de US$ 370 bilhões para combater o aquecimento global e incentivar a adoção de energias renováveis. A iniciativa de Joe Biden é o maior e mais ambicioso investimento da história dos EUA em energia limpa.
O projeto foi considerado controverso no Senado, demandou acordos com representantes das indústrias de combustíveis fósseis, e ainda assim, após 27 horas de debates ao longo do fim de semana, a votação terminou empatada (50 votos a favor e 50 contra).
Todos os senadores republicanos votaram contra, enquanto os democratas e mais dois membros independentes deram seu aval. A aprovação só veio com o voto de minerva da presidente do Senado e vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris. A proposta ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados, o que poderá ocorrer na próxima sexta-feira (12), onde deve passar com mais folga pela maioria democrata.
Para Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, a iniciativa americana é um evento de proporções sísmicas na agenda climática global e pode dar o tom para o mercado e para outros fortes competidores internacionais.
“Simbolicamente, se os Estados Unidos se movem, o mundo todo se movimenta. Imagine agora a China pensando na reação ao movimento interno americano? O dominó dos combustíveis fósseis pode começar a cair mais rápido”, disse Unterstell em sua coluna no Reset.
A aprovação do pacote climático representa uma vitória relevante para Joe Biden, que tenta aproximar os EUA da agenda climática que havia sido completamente abandonada durante o governo de Donald Trump. Também chega em boa hora, antes das eleições legislativas, no segundo semestre, quando os Republicanos podem voltar a controlar o Congresso.
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O que é o pacote climático dos EUA
O objetivo do pacote climático dos EUA é criar maior oferta de energia renovável para frear a inflação, recentemente impulsionada pela subida dos preços dos combustíveis fósseis com a invasão russa na Ucrânia.
A lei prevê incentivos fiscais para que a população compre tecnologias de baixo carbono, como carros elétricos, e acelera a construção de parques eólicos e de energia solar pelo país. Cerca de US$ 60 bi serão destinados para recuperar áreas degradadas por poluição e por “eventos climáticos extremos”.
Para financiar as iniciativas, a lei estabelece uma elevação de impostos corporativos e sobre excesso de emissões de gases de efeito estufa.
Em contrapartida, as petrolíferas serão beneficiadas por uma garantia de espaço em terra e no mar nos próximos anos – concessões que tiveram de ser feitas para que o pacote caminhasse no Congresso. O governo americano também asseverou apoio à produção de energia nuclear.
Com o pacote climático, os EUA pretendem cortar suas emissões de gases de efeito estufa até o final da década para um nível 40% abaixo do patamar de 2005. Essa redução ajuda a implementar 80% da meta climática para 2030.
