A B3 divulgou hoje a prévia da carteira do seu Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) para 2022, a primeira que leva em conta a nova metodologia, criada para aumentar a credibilidade do índice e tentar fazê-lo cair no gosto do mercado.
A carteira definitiva só será divulgada em janeiro, quando o índice começa a vigorar, mas a expectativa é que quase não ocorram mudanças em relação à prévia de hoje. De um total de 48 papéis na carteira atual, a nova composição será mais enxuta: terá 34 ações, de 34 empresas. Ou seja, deixaram de existir duas classes de ações de uma mesma companhia no portfólio, como ocorria antes.
No total, foram excluídas 17 ações e incluídas outras três.
Entre as saídas, algumas eram mais previsíveis, por se tratar de setores com grande impacto climático. Foi o caso dos frigoríficos de carne bovina Marfrig e Minerva (a JBS já não integrava a carteira) e da estatal Petrobras. Empresas do setor elétrico — Eletrobrás, Engie e Neoenergia — também deixaram o índice. Completam a lista de exclusão a atacadista Assaí e a credenciadora de cartões GetNet.
Algumas das exclusões não chegaram a representar a saída da empresa do índice, porque uma outra classe de ação da mesma companhia permaneceu na carteira. Foi o caso dos bancos Bradesco e Itaú e das elétricas Cemig e Copel, que tiveram suas ONs retiradas, enquanto as PNs foram mantidas. No caso de Lojas Americanas, que anunciou uma simplificação societária, deixaram o índice os papéis LAME3 e LAME4, enquanto AMER3 ficou.
Na ponta das incluídas, entraram o grupo farmacêutico Raia Drogasil, a empresa de logística Rumo e a petroquímica Braskem, que retornou ao índice depois de ter sido removida para 2021.
A volta da Braskem deve gerar certa polêmica, uma vez que a empresa, embora reconhecida por práticas de sustentabilidade, é produtora de resinas plásticas e está envolvida num grande desastre socioambiental com o afundamento de bairros inteiros em Maceió (AL). A empresa havia sido a única exclusão do ISE na carteira que está vigorando.
A carteira completa do ISE para 2022 ficou assim: AES Brasil ON, Americanas ON, Bradesco PN, Banco do Brasil ON, Braskem PNA, BRF ON, BTG Unit, CCR ON, Cemig PN, Cielo ON, Copel PNB, Cosan ON, CPFL Energia ON, Dexco ON (antiga Duratex), Ecorodovias ON, Energias do Brasil ON, Fleury ON, Grupo Natura ON, Itausa PN, Itaú Unibanco PN, Klabin Unit, Light ON, Lojas Renner ON, Movida ON, MRV ON, Pão de Açúcar ON, Raia Drogasil ON, Rumo ON, Santander Brasil Unit, Suzano ON, Telefônica Brasil ON, TIM ON, Vibra ON (antiga BR Distribuidora) e Weg ON.
Nova metodologia
Depois de mais de um ano de estudos e debates com o mercado, a B3 definiu uma nova metodologia para tentar superar problemas apontados pelos investidores, especialmente em relação à falta de clareza para inclusão e exclusão de papeis.
O novo ISE se baseia numa pontuação ESG das empresas, que será pública e define o peso de cada companhia na carteira. Até hoje, essa ponderação variava apenas de acordo com o valor de mercado das companhias. Outras duas mudanças importantes: o questionário que define a pontuação foi enxugado e refinado para entregar resultados mais materiais e entraram em campo dois provedores de informações externos para dar mais independência às questões climáticas e de reputação — o CDP e a RepRisk, respectivamente.