A Natura captou US$ 1 bilhão no mercado internacional com uma emissão de dívida atrelada a metas de sustentabilidade. A operação, com vencimento em sete anos, saiu com yield de 4,125% ao ano.
São duas metas sustentáveis: a companhia se comprometeu a reduzir a intensidade de emissões de gases de efeito-estufa em 13% até 2026 e pretende que o uso de plástico reciclado pós-consumo nas suas embalagens alcance pelo menos 25% na mesma data. O ano-base é 2019.
Caso não cumpra as metas, a taxa da emissão será acrescida em 65 pontos-base a partir de outubro de 2027, já perto do fim do prazo da emissão.
O chamado ‘step-up’ é maior do que em outras emissões com metas atreladas à sustentabilidade, que costumam girar em torno de 25 pontos-base. Mas, no caso da Natura, o acréscimo se dá mais próximo do vencimento, enquanto na maior parte das operações normalmente ocorre perto da metade do prazo.
Ainda que normalmente sejam preferíveis metas absolutas de redução de emissão de gases de efeito estufa e não de intensidade (que envolvem a quantidade de CO2 emitido por determinada quantidade produzida), o compromisso da Natura envolve também a questão do lixo pós-consumo, uma das questões mais relevantes na indústria de cosméticos.
No Brasil, o Boticário, concorrente da Natura, fez uma emissão de debêntures de R$ 1 bilhão, totalmente encarteirada pelo Itaú BBA, com metas sustentáveis. Nesse caso, no entanto, as metas eram de uso de energia renovável e reciclagem dos resíduos sólidos pré-consumo, gerados nas fábricas.
Os recursos captados pela Natura serão usados para quitar outras dívidas, incluindo o resgate de uma emissão feita em 2018 e com vencimento em 2023, que tinha juros mais altos, de 5,375% ao ano.
Enquanto nos green bonds os recursos precisam ser ‘carimbados’ para uso em projetos sustentáveis, nos sustainability-linked bonds, como este emitido pela Natura, o uso do dinheiro é livre, mas a companhia se compromete com metas sustentáveis.
A modalidade vem ganhando participação nas finanças verdes. Suzano, Klabin, Simpar (ex-JSL) e Movida estão entre as empresas brasileiras que acessaram o mercado internacional desde meados do ano passado com SLBs.