Sharm el-Sheikh — A deputada federal eleita e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva afirmou que a Petrobras deveria começar uma transição para ser uma empresa de energia, não só de petróleo.
“É uma transição complexa e difícil no mundo. Não será fácil também para o Brasil”, afirmou Silva numa conversa com jornalistas brasileiros e estrangeiros no final da manhã deste sábado, na COP27, em Sharm el-Sheikh.
Mas a mudança é “estratégica”, disse a ex-ministra, uma das vozes mais importantes a aconselhar o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, a respeito de questões ambientais. “É uma sinalização de que queremos ter uma matriz energética 100% limpa.”
Uma guinada estratégica da Petrobras – a exemplo do que vêm fazendo algumas petroleiras privadas, especialmente as europeias – seria “altamente promissora”, segundo Silva.
Ela fez uma ressalva de que se tratava de sua opinião e que não estava falando pelo novo governo.
Créditos de carbono
Silva também disse que enxerga nos créditos de carbono um vetor importante para a proteção dos biomas do Brasil, mas não o único.
“Não advogamos uma lógica puramente do mercado de carbono como meio de salvar as florestas. Entendemos isso como um dos mecanismos, que deve se somar a muitos outros.”
A ex-ministra também declarou que o país precisa regularizar o mercado de carbono, uma questão que, segundo ela, ainda não está resolvida.
Marina Silva também comentou sobre a infraestrutura necessária para a criação de uma bioeconomia na Amazônia, um tema recorrente em suas recentes aparições públicas.
“A infraestrutura da velha economia em si já era um vetor de destruição. Precisamos pensar diferentes modais de transporte, precisamos levar internet rápida e eficiente para comunidades remotas.”
Segundo ela, é preciso unir a alta tecnologia do mundo ocidental com a “alta tecnologia narrativa das populações tradicionais, pois é ela que nos ensina esse conceito de bioeconomia”.O dia teve mais acenos ao setor privado.
Algumas horas depois, Silva apareceu de surpresa no lançamento da Biomas, uma empresa formada por Suzano, Vale, Marfrig, Itaú, Santander e Rabobank com o objetivo de conservar e restaurar 4 milhões de hectares.
(O jornalista viajou a convite da International Chamber of Commerce.)