Asoka Woehrmann, CEO da DWS, uma das principais gestoras de recursos da Alemanha, anunciou sua renúncia na manhã desta quarta-feira, um dia depois de uma operação policial que investiga acusações de greenwashing contra a companhia.
Woehrmann é um dos executivos de mais alto perfil do primeiro escalão das finanças globais a ser vítima de um escândalo envolvendo fraudes ou exageros em relação às credenciais verdes de produtos financeiros.
A empresa, controlada pelo Deutsche Bank, estava sob investigação nos Estados Unidos desde meados do ano passado, quando a ex-responsável de sustentabilidade da casa, Desiree Fixler, apresentou uma denúncia.
Fixler disse à Securities and Exchange Commission (SEC), o órgão que regula os mercados de capitais americanos, que as afirmações da DWS sobre o uso de critérios ESG em suas decisões de investimento eram exageradas.
Em seu relatório anual, a casa afirmava que mais de metade de seus US$ 900 bilhões sob gestão eram investidos levando em conta fatores ambientais, sociais e de governança.
Na sequência, a BaFin, equivalente alemã da SEC e da brasileira CVM, lançou uma investigação paralela, que culminou com a operação de ontem.
A DWS nega as acusações e diz estar cooperando com as investigações dos dois lados do Atlântico. Mas o total investido em “ativos ESG” por seus fundos caiu de 460 bilhões de euros em 2020 para somente 115 bilhões no ano seguinte à denúncia de Fixler.
Chamem a polícia
Cerca de 50 policiais e procuradores fizeram uma batida na sede da gestora e do Deutsche Bank, em Frankfurt.
A expectativa é que ações desse tipo se tornem mais comuns. O crescimento explosivo da oferta de produtos financeiros que se dizem “verdes” ou “socialmente responsáveis” vem sendo acompanhado de um olhar mais minucioso dos reguladores.
A estimativa é que o montante investido em veículos nominalmente do universo ESG tenha triplicado nos últimos três anos, atingindo quase US$ 3 trilhões.
Na semana passada, a SEC anunciou um conjunto de propostas para dar mais precisão aos nomes escolhidos pelos gestores e também mais transparência às informações que eles divulgam para os clientes.
O xerife dos mercados americanos também fez um acordo com a gestora americana BNY Mellon Corp, que admitiu divulgar informações enganosas sobre seus portfólio ESG e vai pagar uma multa de US$ 1,5 milhão.
A temporada de caça ao greenwashing está oficialmente aberta.