Fundos com US$ 9 tri prometem eliminar desmatamento associado a commodities até 2025 -- JGP é única brasileira

Fundos com US$ 9 tri prometem eliminar desmatamento associado a commodities até 2025 -- JGP é única brasileira
A A
A A

Pouco mais de 30 gestoras de fundos globais, com quase US$ 9 trilhões em ativos sob gestão, se comprometeram a eliminar o desmatamento impulsionado por commodities agrícolas dos seus portfólios de investimentos e de empréstimos até 2025. As cadeias produtivas contempladas pelo compromisso são soja, pecuária, celulose e papel e óleo de palma. 

As signatárias do compromisso, anunciado ontem durante a COP26, são ‘as suspeitas de sempre’ quando se trata de gestoras de fundos alinhadas às finanças verdes, como Aviva, Generation, Robeco, Axa e Schroders. Chama a atenção que apenas uma brasileira figure na lista, a carioca JGP, que tem sido uma das casas a liderar a agenda ESG no Brasil.

“O objetivo é conseguir eliminar o desmatamento oriundo de commodities em todos os biomas”, diz José Pugas, sócio da JGP responsável pelas áreas de crédito no agronegócio e ESG. A expectativa, diz ele, é que o movimento ganhe adesão de mais gestoras a partir de agora.

O compromisso é um pouco mais concreto que outros que têm surgido no embalo da COP, com um cronograma de ações:

  • Até o fim de 2022 as assets terão que avaliar a exposição ao risco de desmatamento de suas carteiras e criar políticas de investimento claras sobre o assunto, além de iniciar ou aprofundar o engajamento com as investidas;
  • Até o fim de 2023, divulgar os riscos mapeados e também as atividades de mitigação em andamento;
  • Relatar publicamente a evolução alcançada e, a partir daí, apenas investir em empresas que atendam aos critérios de redução de risco estabelecidos.

Segundo Pugas, empresas que não tiverem um sistema de rastreio de seus fornecedores até 2025, que possibilite medir o risco de desmatamento dos negócios, passarão a ser alvo de desinvestimento. “A partir de 2025 nossa posição muda e entenderemos a ausência do rastreio como a impossibilidade de definir o risco socioambiental envolvido nas cadeias dessas commodities.”

Também ontem, oito empresas financeiras e do agro se tornaram as primeiras signatárias da iniciativa Finanças Inovadoras para a Amazônia, Cerrado e Chaco (IFACC, na sigla em inglês), criada pelas organizações The Nature Conservancy (TNC), Tropical Forest Alliance (TFA) e pelo Programa Ambiental da ONU (Unep).

O fundo de impacto holandês &Green Fund, o fundo AGRI3 (gerido pelo Rabobank), a fabricante de insumos agrícolas Syngenta, a consultoria Sustainable Investment Management e as brasileiras DuAgro (fintech), as securitizadoras Gaia e Vert e a gestora JGP se comprometeram a viabilizar investimentos de US$ 3 bilhões na produção de soja e na criação de gado livres de desmatamento nos três biomas. Cada uma delas ainda vai apresentar compromissos específicos e os desembolsos já contratados para 2022 são de pouco mais de US$ 200 milhões.

José Pugas, da JGP, que está em Glasgow, diz que chama a atenção a ausência de mais representantes das finanças brasileiras nas discussões e compromissos climáticos. “Ainda falta uma conexão do setor no país com as finanças verdes globais.”