Estão abertas as inscrições para a segunda edição do Prêmio ESG Fama Investimentos, concurso que reconhece as melhores pesquisas científicas que contribuem para otimizar a prática de investimentos que incorporam fatores ambientais, sociais e de governança.
Com um ambiente consolidado de pesquisa acadêmica na Europa e nos Estados Unidos, o tema ainda recebe pouca atenção na academia brasileira – e o objetivo do prêmio é tropicalizar o debate sobre a aplicação de capital cuja estratégia leva em conta retornos financeiros e não financeiros.
“Todas as questões que envolvem governança corporativa, justiça social e melhores práticas para redução dos gases de efeito estufa são impactadas pela cultura, pela legislação e pelos dados dos negócios locais”, diz Laura Vélez, head de Práticas ESG da Fama.
A abordagem de justiça social, por exemplo, é notoriamente diferente nos Estados Unidos e no Brasil, países com percursos históricos distintos que levam a atual desigualdade social. O mesmo pode ser observado no debate sobre boas práticas de governança corporativa.
“Nosso ecossistema de empresas listadas é concentrado e muito pequeno em comparação com bolsas no exterior. Por isso entendemos que é necessário fomentar a pesquisa acadêmica que usa o nosso ecossistema como fonte de análise”, afirma Vélez.
Até o dia 15 de março de 2023, serão aceitos papers e artigos derivados de monografias de graduação, especialização, mestrado ou doutorado de qualquer área de formação acadêmica.
Os autores devem ser brasileiros residindo no Brasil ou no exterior ou estrangeiros residindo no Brasil. Mais detalhes no regulamento.
Diversidade, transição energética, mercado de carbono, greenwashing e convergência dos padrões de reporte são debates em alta, mas o prêmio da Fama está aberto a todo tipo de assunto que envolva o universo ESG. “O que importa é que seja pesquisa que busque causar transformação real”, diz Fabio Alperowitch, sócio-fundador da gestora.
Os trabalhos serão avaliados por uma banca formada por Alexandre Di Miceli (FEA/USP), Ana Luci Grizzi, Betania Tanure (PUC-MG), Carlo Pereira (Pacto Global da ONU Brasil), João Paulo Pacífico (Grupo Gaia), Luana Ozemela (Dima e BlackWin), Rayhanna Fernandes (FIA e MatrePotência), Selma Moreira (J.P. Morgan) e Viviane Torinelli (Brasfi).
Primeira edição
No ano passado, o prêmio contemplou um estudo de Elise Soerger Zaro (FEA-USP) que comprovou que a adoção de relatórios integrados (reunindo informações financeiras e socioambientais) de uma companhia reduz o custo de capital próprio das empresas.
Outra pesquisa premiada foi a de Felipe de Sousa Nobre (Ibmec/Xpeed) que propôs novas configurações para o ICO2, o Índice de Carbono Eficiente da B3, que é bastante criticado por incluir nomes de grandes emissores de gases de efeito-estufa.
Nobre fez uma nova distribuição de participação, apontando uma carteira com apenas 5% de emissões de gases de efeito estufa da atual e com retornos superiores ao ICO2 dos últimos anos.
Foram 55 inscritos, de 11 Estados brasileiros e 27 faculdades.
Parcerias
Na segunda edição, serão contemplados quatro trabalhos. No nível de pós-graduação, o primeiro colocado receberá R$ 11 mil e o segundo melhor, R$ 6 mil. No nível de graduação, as premiações serão de R$ 5 mil e R$ 3 mil, respectivamente.
Além de aumentar o número de premiados, a Fama trouxe para o prêmio o apoio de parceiros como a B3, a firma de auditoria Mazars, o Instituto Capitalismo Consciente e o Sistema B.
A consultoria Resultante vai oferecer sua plataforma de dados e análises ESG de empresas listadas para todos os pesquisadores interessados em se inscrever ao prêmio.
Os vencedores também publicarão seus artigos da versão brasileira da MIT Sloan Review, revista de publicações científicas do MIT, e poderão fazer um summer job na Mazars ou no Sistema B, além de ganhar seis meses de mentoria.