
A GEF Capital, gestora com foco em sustentabilidade, começou a desenhar um novo fundo de private equity para investir em soluções climáticas no Brasil. O plano é que o quarto veículo da gestora capte US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão).
“A demanda por soluções climáticas continua entre investidores, tanto para mitigação, quanto para adaptação e resiliência climática”, diz Ricardo Cifu, vice-presidente da GEF no Brasil.
A tese de investimento deve replicar a do GEF LatAm Climate Solutions Fund III, o terceiro fundo da casa, que está na fase final de alocação do pouco mais de R$ 1 bilhão captado. Apesar de ter a referência à América Latina no nome, o foco são investimentos no Brasil voltados à mitigação e adaptação climática: transição energética; agricultura sustentável e alimentação; e soluções urbanas.
“Queremos que o novo programa seja uma continuidade [do terceiro], com melhorias e refinamento de estratégia. Estamos estudando incluir investimentos no controle de poluição e em materiais críticos, como metais relevantes para a transição energética”, conta o executivo.
A previsão é que o lançamento do novo produto ocorra dentro de 12 a 18 meses.
A captação deve contar com investidores já conhecidos pela GEF, que realizam investimentos no longo prazo, entre eles organizações multilaterais e institucionais estrangeiros. Investiram no terceiro fundo nomes como o Banco de Investimento Europeu, a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica).
Mas a gestora também quer atrair mais investidores brasileiros. Para isso, anunciou recentemente a chegada de Karina Saad ao time brasileiro como conselheira estratégica e membro independente do comitê de investimento local. Ex-CEO da BlackRock no Brasil, a executiva terá esta como uma de suas missões.
“Nós já temos investidores brasileiros conosco, que acreditam nesta temática, mas ainda é uma fração do universo que há no país”, diz Cifu.
Cheques
Com US$ 2 bilhões em ativos sob gestão, a estratégia da GEF está focada no Brasil, Índia e Estados Unidos. No Brasil, tem US$ 350 milhões aplicados.
A gestora busca empresas de médio porte para investimentos, com faturamento entre R$ 100 milhões e R$ 1 bilhão e ebitda (lucro antes dos juros, tributos, depreciação e amortização) entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões.
No terceiro fundo, os cheques variam entre R$ 70 milhões e R$ 150 milhões. O novo fundo pode trazer cheques maiores, afirma Cifu. Segundo o executivo, a gestora tem encontrado bons projetos no mercado e, com taxa de juros em alta, tem percebido maior interesse por parte dos empreendedores em financiamento por meio de equity.
Já receberam aportes do terceiro fundo a Automalógica, que desenvolve software para gestão de sistemas elétricos; a LAR Plásticos, empresa de economia circular e reciclagem; HCC Energia Solar, com foco no setor fotovoltaico; e a GR Water Solutions, de tratamento de água e efluentes para indústrias intensivas no consumo de água.
Em sua operação mais recente, em abril, a GEF comprou da 2bCapital, gestora do grupo Bradesco, uma participação na Leveros, empresa de climatização e refrigeração.
O plano é ter sete empresas no portfólio. O sexto investimento do fundo está em fase final de negociação, com previsão de ser anunciado nos próximos dois meses, e um último está previsto para ocorrer ainda este ano.