Fundo global do Santander com recorte social passa a ser oferecido no Brasil

Prosperity promete investir em ações de empresas com ao menos 30% da receita ligada aos ODS da ONU, nos segmentos de saúde, educação, inclusão financeira e alimentação

Cubo mágico com ilustrações dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU
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Com a proposta de oferecer seu primeiro produto de investimento com foco em questões sociais, o espanhol Santander lançou em novembro do ano passado o fundo Prosperity, uma carteira de ações global gerida pela equipe da asset em Madri. 

Com R$ 200 milhões captados de clientes de seis países, o Santander Prosperity passa a ser oferecido no Brasil neste mês. 

A carteira promete investir em ações de empresas globais que tenham produtos e serviços voltados a resolver desafios em três áreas: saúde e bem-estar, educação e inclusão financeira e alimentos e nutrição. 

Na União Europeia, ele foi classificado sob o artigo 9 da Sustainable Finance Disclosure Regulation (SFDR), a categoria que reúne os fundos que têm como objetivo fazer investimentos sustentáveis.

Quem espera encontrar um portfólio de ações de empresas pouco conhecidas em seus setores e com negócios inovadores, pode se surpreender.

As maiores posições da carteira são grandes nomes. A maior fatia (2%) ao final de março era de papéis da Nvidia, a empresa americana de tecnologia que tem liderado os ganhos na Nasdaq este ano. 

Entre as dez maiores ações, quatro são de grandes farmacêuticas: Novo Nordisk (segunda posição, com 1,98%), Pfizer (terceiro lugar, com 1,83%), Daiichi Sankyo (quarto, com 1,81%) e AstraZeneca (décimo, com 1,7%). Schneider Electric e Acciona também integram a carteira, ao lado da norueguesa Mowi, de piscicultura sustentável, e das americanas Stride (educação) e Intuitive Surgical (equipamentos cirúrgicos).

Além de aplicar o filtro negativo básico para excluir negócios que trabalham com tabaco ou carvão, o critério para que as empresas sejam elegíveis é que ao menos 30% de sua receita esteja relacionada a objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) da ONU, diz Daniel Castro, gestor de portfólio da Santander Asset no Brasil. 

A seleção das empresas é feita a partir da base da provedora de dados MSCI, que tem um serviço voltado para investimentos ESG, e também ajudou a criar o critério de investimento do fundo. Com esse filtro, diz Castro, os gestores chegam a um universo de 250 empresas globais.

A partir daí, buscam-se aquelas com maior potencial de valorização. “Selecionamos entre 50 e 70 delas que estejam descontadas em relação a seus preços-alvo”, diz Castro. Atualmente, são 67 empresas na carteira. 

O produto se destina apenas a investidores qualificados – com mais de R$ 1 milhão em investimentos – e tem o tíquete inicial de R$ 50 mil. 

O benchmark do Prosperity é o índice MSCI World, cuja carteira é composta por cerca de 1.500 companhias de médio e grande porte em mais de 20 países desenvolvidos. Em simulação de retorno, entre 2018 e 2022, a carteira modelo do Prosperity teria subido 95,95%, ante 38,40% do benchmark.

O fundo foi lançado em parceria com a RED, organização que luta contra a AIDS, malária e tuberculose fundada pelo vocalista do U2, Bono Vox, e o advogado e ativista Bobby Shriver, e que já licenciou produtos da Apple, da Fiat, da Jeep e do Starbucks. A iniciativa vai receber 15% da receita com a taxa de administração do fundo.