Astella, KPTL e GK recebem aporte do BNDES para impacto

Banco vai alocar R$ 638,5 milhões em seis veículos

Astella, KPTL e GK recebem aporte do BNDES para impacto
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O BNDES vai fazer um novo aporte em fundos de investimento nas modalidades de capital semente e venture capital. Depois de uma chamada pública e análise de 38 propostas, o banco de desenvolvimento vai desembolsar até R$ 638,5 milhões por meio do BNDESPar, seu braço de participações. 

Foram selecionados dois fundos de investimento em participações (FIP) para capital semente e quatro para venture capital, respectivamente:

  • Govtech Brasil FIP Capital Semente, cogerido pela KPTL Investimentos e Cedro Asset Management;
  • Antler Brasil I FIP Capital Semente, da gestora Patagônia e da Antler Brasil;
  • Astella Journey V Feeder FIP Multiestratégia, gerido pela Astella Investimentos;
  • Noon FIP I FIP Multiestratégia, da Noon Capital Partners;
  • Good Karma Fund FIP – Multiestratégia, gerido pela GK Partners;
  • FIP Multiestratégia Genoma IX, da DNA Capital Consultoria, especializada em healthtec. 

“Conseguimos uma carteira bastante diversificada. Temos fundos com soluções de govtech, saúde, educação e clima e estimamos que poderemos apoiar mais de 150 startups”, disse a diretora de mercado de capitais e finanças sustentáveis do BNDES, Natalia Dias, em nota.

Na modalidade semente, os investimentos são voltados para empresas brasileiras que faturam até R$ 16 milhões por ano, e na de VC, o limite é de R$ 300 milhões. 

Além de critérios de avaliação tradicionais, o banco levou em conta também o conhecimento de estratégias ESG e metodologia de acompanhamento de investimentos – inclusive de políticas ESG e de diversidade – na escolha das gestoras. 

“O edital contou com uma camada muito importante de ESG. Aqueles que tinham avaliação pré e pós-investimentos nessa frente eram melhor pontuados. Isso se relaciona com agregação de valor e mitigação de risco”, diz ao Reset Lina Lisbona, responsável por ESG e relações com investidores da Astella, uma das casas selecionadas. O quinto fundo da gestora foi o primeiro colocado em sua modalidade e tem a meta de levantar US$ 150 milhões. 

“Também havia uma questão de diversidade, como a gestora entende o tema dentro e fora de sua equipe”, afirma Lisbona. 

No processo, foram usadas lentes de gênero, etnia e pessoas com deficiência. Os fundos contemplados têm cerca de 30% das equipes-chaves compostas por mulheres, de acordo com o BNDES. O banco não informou dados em relação a pessoas não-brancas e com deficiência. 

Fundos de impacto

Ainda que não fosse o foco, a chamada alocou recursos para teses de impacto. É o caso do Govtech Brasil FIP, da KPTL e Cedro, que foca em startups que apresentam soluções para o setor público. 

“Recebemos os primeiros investimentos nesse ano, da Multilaser e Positivo, por exemplo. Agora, com o BNDES, a gente destrava uma série de investidores que contavam com esse selo, não só pelo volume do aporte do BNDES como também por essa análise da governança”, diz Renato Ramalho, CEO da KPTL.

O fundo realizou o primeiro investimento há dois meses, na Augen, que atua no setor de saneamento. O objetivo é captar R$ 200 milhões.

Outro exemplo com viés de impacto é o Good Karma Fund, da GK Partners, que mira empresas em estágio maduro e investe em diferentes setores, como saúde, educação e agricultura sustentável. A meta do fundo é captar ao menos R$ 400 milhões até o fechamento. 

A seleção pelo BNDES tende a funcionar como um para-raio de investimentos. A expectativa é que os R$ 638,5 milhões aportados pelo banco mobilizem R$ 2,1 bilhões de dinheiro privado. 

Critérios da chamada

Para maximizar as possibilidades para o setor privado, o BNDES exigiu que os gestores já tivessem realizado uma captação mínima, diz Dias. A participação do BNDESPar no capital comprometido é limitada a 25% do montante de cada fundo. 

O capital comprometido se refere ao volume de recursos já acordado entre gestores e diferentes investidores. De acordo com o edital, o banco só se tornará cotista nos fundos que apresentem capital comprometido de no mínimo R$ 160 milhões na modalidade semente e R$ 200 milhões na VC. 

(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)