A Moody’s anunciou hoje a compra da RMS, que atua na gestão e na modelagem de riscos naturais e climáticos, por US$ 2 bilhões, numa transação cujas cifras destacam o tamanho do potencial do mercado de análise financeira associada ao efeito das mudanças do clima.
Até então controlada pela Daily Mail and General Trust, holding mais conhecida por ser dona de jornais e ativos de mídia britânicos, a RMS é uma das mais tradicionais provedoras de dados e risk assessment para seguradoras e resseguradoras, prevendo, entre outros fatores, padrões de mudança no clima.
E vem crescendo rapidamente à medida que eventos como secas, enchentes e nevascas vêm se tornando mais frequentes em meio ao avanço do aquecimento global.
Segundo a Moody’s, a RMS deve faturar US$ 320 milhões neste ano, com um lucro operacional de cerca de US$ 55 milhões.
Para além do setor de seguros, a Moody’s está trazendo para dentro de casa uma expertise cada vez mais demanda por outras áreas do mercado financeiro. Seja por pressão regulatória ou de investidores, as empresas e bancos cada vez mais vão precisar reportar os riscos de seus negócios associados à mudança climática.
O Task-Force on Climate Related Disclosures (TCFD), por exemplo, já vem sendo demandado por diversos reguladores — inclusive pelo Banco Central brasileiro —, e a SEC já afirmou que estuda incluir a divulgação de riscos climáticos no relatório anual das empresas listadas em bolsas americanas.
Além disso, há uma pressão pela incorporação mais robusta desses riscos nas análises de classificação de risco de crédito feitas pelas agências.
“A aquisição vai ajudar os clientes a gerenciar sua exposição aos riscos de mudança climática nos seus investimentos e nas carteiras de crédito e atender os requerimentos regulatórios relacionados à mudança climática”, afirmou o CEO da Moody’s, Rob Fauber, em vídeo divulgado sobre a transação.
Além de atuar em riscos naturais e climáticos, a RMS tem ainda um braço voltado para ciberataques, outro serviço cuja demanda disparou com os crescentes ataques hackers que têm paralisado grandes empresas.