A fabricante de componentes automotivos Iochpe-Maxion acaba de fechar a captação de US$ 400 milhões em dívida no mercado externo com vencimento em sete anos e juros associados a metas de redução de emissões de carbono.
Segundo apurou o Reset, houve uma demanda de cerca de três vezes pelos títulos, que saíram com yield de 5,25% ao ano.
Na emissão, a companhia se comprometeu a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 30% até 2025. Caso não cumpra a meta, os juros sobem 25 pontos-base.
Os compromissos envolvem as emissões de escopo 1 e 2, que contemplam as unidades operadas diretamente pela companhia, como fábricas e centros de distribuição, além do uso de energia.
Ficou de fora o escopo 3, que trata da cadeia de valor, desde fornecedores até as emissões no uso dos produtos. A companhia ainda não mediu o escopo 3 no seu inventário.
Os recursos levantados serão utilizados para rolar dívidas de mais curto prazo.
A emissão contou o parecer de segunda opinião da certificadora norueguesa DNV, que afirmou que as metas são robustas e materiais e que estão em linha com o compromisso de mais longo prazo da companhia, de atingir uma redução de 70% nas emissões até 2030.
A captação da Iochpe vem um dia depois da Natura ter acessado o mercado externo com outro sustainability-linked bond, de US$ 1 bilhão e demanda de quatro vezes a oferta.
Enquanto nos green bonds os recursos precisam ser ‘carimbados’ para uso em projetos sustentáveis, nos sustainability-linked bonds o uso do dinheiro é livre, mas a companhia se compromete com metas sustentáveis.
A modalidade vem ganhando participação nas finanças verdes. Suzano, Klabin, Simpar (ex-JSL) e Movida estão entre as empresas brasileiras que acessaram o mercado internacional desde meados do ano passado com SLBs.
A emissão da Iochpe foi coordenada por Bradesco BBI, Citigroup, Commerzbank, Itaú BBA, Santander e UBS.
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