Google lança bônus sustentável recorde de US$ 5,75 bilhões

A Alphabet, controladora do Google, emitiu US$ 5,75 bilhões em títulos de dívida sustentáveis, com recursos que vão ser utilizados tanto para iniciativas ambientais, como eficiência energética e prédios verdes, quanto sociais, como compromissos de igualdade racial e apoio a pequenos negócios no contexto da covid-19.  

É o maior título do tipo — seja verde, social ou sustentável, que inclui as duas características — já emitido por uma empresa não financeira no mundo. 

A emissão faz parte de uma operação maior, de US$ 10 bilhões, que contempla ainda utilização de recursos para propósitos corporativos gerais. 

“Esses bônus [sustentáveis] são uma classe emergente de ativos e esperamos que essa transação ajude a desenvolver esse novo mercado”, disse a Alphabet em comunicado. “Ficamos animados em ver que houve uma demanda tão forte por esses títulos por parte dos investidores.”

De acordo com a Bloomberg, a demanda foi de US$ 38 bilhões, o que fez a Alphabet aumentar a expectativa de captação total, que era inicialmente de US$ 7 bilhões. É a primeira vez a companhia acessa o mercado em quatro anos. 

Ainda segundo a agência de notícias, a remuneração paga pelos títulos foi a menor da história da empresa, com taxa de 0,8% para a porção de sete anos e de 2,25% para a porção de 40 anos — mais barato que uma captação feita pela Amazon, em junho. A parte com vencimento em 10 anos ficou com remuneração de 1,1%. 

Os recursos da porção sustentável da emissão vão ser utilizados para oito áreas: aumento da eficiência energética, energia limpa, prédios verdes, transporte limpo, economia circular, habitação barata, compromisso com igualdade racial e apoio para pequenos negócios em resposta à covid-19. 

A emissão vem em meio a uma disparada na oferta de títulos voltados a ofertas ESG. De acordo com a Bloomberg NEF, esses títulos quadruplicaram na primeira metade de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado, puxados em grande parte por ‘social bonds’ emitidos durante a pandemia. 

O Google é neutro nas emissões líquidas de carbono desde 2007 e é um dos maiores compradores de energia renovável do mundo. Parte dos recursos serão usados para manter esse status. 

Mais recentemente, diante dos protestos nos Estados Unidos pela morte de George Floyd, a companhia tem reforçado a atuação em prol de igualdade racial — onde tem um grande teto de vidro. Hoje, apenas 2,6% da liderança americana da companhia é negra.

Recentemente, o Google anunciou um fundo de US$ 175 milhões para investir em empresa de venture capital e startups lideradas por negros e treinar trabalhadores negros em busca de oportunidades no mercado de tecnologia. 

Na questão de moradia, fez um compromisso de investir US$ 1 bilhão em habitação na Bay Area, em São Francisco, onde quer construir 20 mil unidades residenciais, das quais 5 mil serão de baixo custo.

O compromisso vai na mesma linha de outras Big Tech, como Facebook e Microsoft, que de certa forma procuram corrigir a bolha de preços no mercado imobiliário da região causada pela presença de suas sedes.