O grupo italiano de energia Enel não conseguiu cumprir uma das metas de descarbonização atreladas à emissão de cerca de € 10,2 bilhões em sustainability-linked bonds (SLBs) e terá que aumentar o pagamento de juros aos investidores dos títulos, conforme previsto nos termos da oferta da dívida.
Pela derrapagem na meta, a Enel terá uma despesa adicional com juros de aproximadamente € 83 milhões, segundo cálculo da Bloomberg Intelligence. Esta será a maior penalização nesse mercado até o momento – cuja primeira emissão foi feita pela própria Enel em 2019.
O ‘step up’ de taxa, como é conhecido o mecanismo, será de 0,25% ao ano, conforme comunicado ao mercado.
A companhia reduziu suas emissões de gases de efeito estufa, ao longo de toda a cadeia, em 26,3% em 2023, em comparação com o ano anterior, de acordo com relatório de sustentabilidade recém-publicado.
Já a intensidade de emissões na geração de energia caiu 30,1%, de 229 gCO2eq/kWh para 160 gCO2eq/kWh. Mesmo assim, ficou acima da meta de 148 gCO2eq/kWh, anunciada ao fim de 2020.
A empresa afirma que o resultado é consequência do atual cenário energético europeu, em meio à guerra na Ucrânia e às restrições de importação de gás natural da Rússia pela União Europeia.
Na Itália, as termelétricas da Enel ligadas a carvão foram consideradas essenciais e operaram em sua máxima potência. Na Espanha, térmicas também a carvão que seriam desativadas em 2021 tiveram seu desligamento adiado para o fim de 2023 por terem sido consideradas essenciais pelo operador de sistema de transmissão de energia nacional, diz a Enel.
“Apesar dessas circunstâncias sem precedentes, a intensidade de emissões do grupo em 2023 seguiu em linha com a trajetória de [limitar o aquecimento global em] 1,5ºC. Na verdade, a abordagem de descarbonização da indústria no âmbito da iniciativa Science Based Target (SBTi) estabeleceu um limite máximo de 246 gCO2eq/kWh para a Enel para 2023, bem acima do valor real”, disse a empresa.
A Enel informa que mantém seu compromisso de reduzir sua intensidade de carbono para 125 gCO2eq/kWh até 2026.