Depois de ensaiar um IPO maior no começo do ano, a Unicoba retomou os planos e agora pretende captar R$ 450 milhões nas próximas semanas, apurou o Reset, em uma oferta integralmente primária que pode marcar a estreia de uma fabricante de baterias na bolsa brasileira.
A companhia, que tem fábricas em Manaus (AM) e Extrema (MG), voltou ao mercado com uma oferta de ações com esforços restritos e já tem três investidores-âncora garantindo parte da operação.
Fundada em 1973 pelo imigrante coreano Young Moo Park, a Unicoba atua em duas frentes, de baterias e de iluminação de LED, ambas voltadas à tese de transição e eficiência energética.
Na frente de baterias, a companhia é forte no mercado voltado para componentes portáteis, como celulares e computadores, mas nos últimos anos vem ampliando sua atuação também para um segmento cada vez mais promissor: o armazenamento voltado para o setor elétrico.
Suas baterias de lítio são usadas para dar estabilidade a sistemas renováveis intermitentes, como solares e eólicos, que vêm ganhando cada vez mais espaço na matriz energética. Além disso, há modelos que viabilizam a adoção de fontes renováveis em sistemas isolados do país, hoje muito dependentes de geradores a diesel e óleo combustível.
Na frente de iluminação, a Unicoba afirma ser líder em soluções de LED no mercado B2B, tanto no setor de comércio, indústria e serviços quanto no de infraestrutura, com o de iluminação de vias públicas, incluindo estradas.
As duas unidades operavam de maneira separada, mas se uniram numa holding em 2019 para capturar sinergias, especialmente comerciais.
Além do fundador e de seu filho e CEO da companhia, Eduardo Park, que juntos têm 62% da empresa, a Unicoba tem como acionistas a GEF Capital Partners, gestora focada em soluções climáticas, com uma fatia de 19,15%, e as gestoras Confrapar (7,86%) e Performa/BNDES (5,67%).
A Unicoba faturou R$ 723 milhões em 2020, 53% a mais que no ano anterior, com prejuízo de R$ 5 milhões. No primeiro semestre deste ano, teve um faturamento de R$ 378 milhões, com alta de 39,5% frente ao mesmo período de 2020, e fechou no azul, com lucro de R$ 7,9 milhões.
Em sondagens preliminares com o mercado, a companhia vem testando um valuation na casa de 10 vezes o Ebitda (já considerando as dívidas) — abaixo do múltiplo de 20 vezes a que outras companhias internacionais equivalentes vêm sendo negociadas fora do país.
Apesar do modelo agradar os investidores, o tamanho da oferta é um fator que afasta algumas gestoras. “É uma empresa bem gerida e num setor promissor. Mas numa oferta pequena, de R$ 450 milhões, e com âncoras, quem entrar não sai tão cedo por conta da liquidez”, disse o analista de uma gestora que participou de reuniões preliminares.
Bradesco BBI, BofA Merrill Lynch, BTG Pactual e XP Investimentos são os coordenadores da operação.