Empresas de ecommerce e de maquininhas de cartões estão entre as selecionadas pelo BNDES para conceder crédito a microempreendedores e pequenas e médias empresas no contexto da covid-19.
B2W, Magazine Luiza, Cielo, PagSeguro, SumUp e Stone são as seis pré-escolhidas para um conjunto de fundos de direitos creditórios (FIDCs) em que o braço de participações do banco de fomento pode aportar até R$ 4 bilhões.
Além dessas empresas , o banco selecionou também seis gestoras, que atuarão em parceria com fintechs para fazer os recursos chegarem à ponta. Foram pré-selecionadas as gestoras Plural, Captalys, SRM, uma parceria entre a Solis e a AugMe e a XP.
A linha é uma inovação do BNDES, que não vai usar bancos para direcionar o crédito. O edital permitia duas modalidades para habilitação: grandes empresas com ampla base de fornecedores ou clientes (as chamadas ‘originadoras’); e gestoras de recursos, que se associam a fintechs capilarizadas para fazer o dinheiro chegar a pequenos e médios empreendedores.
Além dos R$ 4 bilhões a serem aportados pelo banco de fomento, as proponentes trouxeram R$ 1,3 bilhão em recursos novos — numa conta que pode aumentar a depender de novas captações. O aporte máximo individual do BNDES em cada um dos fundos é de R$ 500 milhões.
Das 12 empresas e gestoras pré-selecionadas, o banco vai fazer uma diligência e escolher 10 propostas finais até setembro.
A seleção dos fundos foi feita com base numa ampla base de critérios, como menores custos e maiores prazos para o tomador final, além da quantidade de clientes beneficiados. A expectativa do BNDES é que sejam feitas mais de 1 milhão de operações com os recursos levantados.
O banco também incluiu na chamada pública um critério de ‘impacto social’, em que os candidatos precisavam detalhar perfil e região de atuação do tomador final, além de apresentar mecanismos e procedimentos de mensuração e acompanhamento dos impactos. Esse fator tinha um peso de 5 pontos em uma escala de 100 pontos.
Interesse alto
O edital do BNDES atraiu ao todo 73 propostas, que somavam R$ 25 bilhões em recursos. Dessas, 60% vieram de gestoras e 40% de empresas originadoras.
“O volume superou em muito nossas expectativas”, diz Filipe Borsato, chefe do departamento de gestão de investimentos em fundos. “Existe de fato uma demanda razoável de recursos para investimento em crédito privado.”
Apesar de o FIDC ter sido pensado no contexto emergencial do coronavírus, o BNDES quer utilizar esse tipo de instrumento de forma mais estruturante para fazer o dinheiro chegar aonde nem sempre os bancos chegam de forma competitiva.
“Queremos ampliar o acesso ao crédito no país e fomentar a maior capilaridade para que esse recurso chegue mais perto e irrigue a economia. Com isso, a gente estimula uma menor concentração bancária e amplia a chegada desses recurso mais perto de quem mais precisa”, diz o diretor de participações, mercado de capitais e crédito indireto do BNDES, Bruno Laskowsky.
O prazo dos FIDCs é de dois a seis anos e a ideia é que os recursos sejam ‘reciclados’: conforme os clientes vão repagando os empréstimos, novas empresas podem ser beneficiadas.
Os empréstimos liberados pelas empresas originadoras terão limite individual de até R$ 200 mil por cliente, sendo que 75% das operações deverão ter prazo igual ou superior a nove meses e o custo não pode ser superior a 3,5% ao mês.
Já para aqueles feitos por meio de gestoras de fundos, o limite é de até R$ 20 milhões, sendo que três quartos deles tem de ter prazo igual ou superior a um ano e custo de até 4% ao mês.