STARTUPS

Solfácil capta mais R$ 1 bi para financiar placas solares e já prepara nova rodada

Operação tem quatro grandes bancos como investidores; pioneira dos FIDCs verdes, fintech já levantou R$ 5 bi para financiar instalações solares

Solfácil capta mais R$ 1 bi para financiar placas solares e já prepara nova rodada

A Solfácil acaba de levantar mais R$ 1 bilhão para financiar a compra de placas solares para projetos residenciais. A fintech conhece o caminho das pedras da captação: ela foi a primeira a estruturar um FIDC com selo verde no país e, ao todo, já garantiu R$ 5 bilhões no mercado. 

“Nós pegamos recursos emprestados por meio dessas captações e, com esse dinheiro, disponibilizamos financiamento para pessoas físicas e jurídicas que querem instalar um sistema [de energia] solar em suas casas ou pequenas empresas”, diz Guillaume Tiret, cofundador e CFO da Solfácil (à esquerda na foto).

Desde 2018, quando a empresa foi fundada pelo CEO Fabio Carrara (à direita),  a Solfácil já realizou 11 operações no mercado: três emissões de debêntures, duas de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e, agora, seu sexto FIDC. Foram a trajetória e a proximidade com os investidores que permitiram que a mais recente operação bilionária fosse colocada em pé em cerca de quatro meses.  

Neste novo fundo, a empresa investiu na cota subordinada (de maior risco). A mezzanino ficou com uma asset e as cotas seniores foram distribuídas entre quatro grandes bancos brasileiros, cujos nomes não foram revelados. O FIDC tem prazo de três anos e a taxa não foi divulgada. 

A empresa concedeu mais de R$ 4 bilhões em crédito – R$ 1,5 bilhão só em 2024 – para a instalação de 145 mil sistemas solares distribuídos em um terço dos municípios do país. 

Foi também no ano passado que a fintech atingiu o breakeven (quando os custos e as receitas se equilibram) e entrou para a lista de startups brasileiras lucrativas. 

Próximos passos

O plano da empresa é repetir a dose de R$ 1,5 bilhão emprestado para clientes neste ano. 

Para alcançar essa meta, será preciso angariar mais recursos. A Solfácil planeja emitir mais um CRI ainda no segundo semestre de 2025, afirma Tiret. “Temos que captar volumes bilionários o tempo inteiro para atender a nossa demanda.”

Na empresa, os CRIs e FIDCs tendem a ser escolhidos para emissões acima de R$ 500 milhões. 

“Para as captações grandes, o investidor de renda fixa prefere um instrumento mais amarrado, com gestor, administrador e custodiante, que proteja bem o investidor”, diz o executivo. 

Apesar de não abrir os nomes da operação mais recente, a Solfácil conta com investidores de peso na carteira. Os dois últimos FIDCs foram de R$ 850 milhões e R$ 1,3 bilhão, financiados pelo Itaú BBA e Goldman Sachs, respectivamente. Em rodadas de equity, a startup atraiu a International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial, a japonesa SoftBank, a sueca VEF e o americano Valor Capital Group.

Avanço de renováveis

A geração distribuída de energia solar está em crescimento no Brasil. Só em janeiro, mais de 65 mil unidades consumidoras do país passaram a acomodar sistemas solares e a produzir a própria energia, num acréscimo de 725 MW de potência instalada. Outras 112 mil unidades foram beneficiadas pelo excedente de energia, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Ao todo, são quase 3,3 milhões de unidades de micro e minigeração distribuída conectadas ao sistema interligado nacional de energia. Juntas, elas têm potência instalada de 37 GW – 17% de toda a capacidade brasileira.

Ainda que contraditório à primeira vista, a alta demanda no Brasil e no mundo tem contribuído para o arrefecimento dos preços, diz Tibet. O ticket médio de empréstimos da Solfácil foi de R$ 30 mil para R$ 22 mil, entre 2021 e 2025.

“O preço do equipamento solar caiu muito. Com muita demanda, tem muita construção e fabricação das placas”, afirma o executivo. “Mesmo com a Selic alta, a redução do preço dos equipamentos mais que compensou essa diferença.”

Os financiamentos oferecidos pela empresa têm prazo em torno de 6 anos, e as taxas de juros dependem de fatores como a região e o perfil de crédito do cliente. 

Com o fim do primeiro ciclo de empréstimos, Tiret conta que vários dos clientes estão decidindo pela expansão, seja com a instalação de placas em outros imóveis ou com o reforço das instalações já feitas. A inadimplência, até então, está estável, segundo o executivo.

Os financiamentos podem ser usados para aquisição de equipamentos vendidos pela Solfácil ou por terceiros, e as avaliações de crédito são feitas por plataformas digitais.

Correção às 11h44: as cotas subordinadas em FIDCs são as de maior risco, não menor, como constava anteriormente. A informação foi corrigida.