A construtech Noah está lançando seu primeiro residencial, um condomínio de madeira engenheirada no topo da Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo.
O empreendimento, o primeiro do tipo no país, virá a mercado em novembro e tem previsão de entrega para o segundo semestre de 2023.
São seis casas de alto padrão estruturadas com vigas, lajes e paredes constituídas por camadas de madeira maciça sobrepostas, com valor geral de vendas (VGV) estimado em R$ 40 milhões.
Fundada em 2019, a Noah vem tentando desbravar o mercado da chamada mass timber no Brasil, que emite até 40% menos gases de efeito estufa que o método construtivo tradicional, e vem ganhando corpo fora do país. Feita de forma modular, a construção também é feita num menor espaço de tempo.
“A ideia de fazer o condomínio com essa tecnologia partiu de potenciais moradores. Isso demonstra que já existe uma demanda sendo formada no Brasil”, diz Nicolaos Theodorakis, CEO e fundador da Noah.
Romper a cultura do concreto e do aço, porém, é um desafio.
A Noah tomou a decisão de incorporar os próprios projetos, verticalizando a atividade que inicialmente seria apenas de construção, para vencer a resistência do mercado.
O capital para construir o residencial Arvoredo é formado por recursos da própria Noah e de investidores, e também por um crédito tomado junto ao Banco ABC, em uma linha de crédito relacionada à indústria e não ao mercado imobiliário, como normalmente acontece na construção civil.
“Aproximadamente 70% do custo da obra foi alavancado com o banco ABC. Os 30% restantes, o valor do terreno e os demais custos foram colocados pela Noah e alguns investidores internamente”, afirma Theodorakis.
O projeto do residencial Arvoredo prevê o reaproveitamento de águas pluviais, infraestrutura para sistema de aquecimento solar, carregador para carros elétricos e louças e metais criados para garantir menor uso de água.
Ainda com preço em formação, a estimativa de Theodorakis é de que o metro quadrado das residências de quatro pavimentos varie entre R$ 17 mil e R$ 18 mil. São cinco unidades com 380 metros quadrados e uma de 460 metros quadrados.
“É um projeto icônico em São Paulo que queremos ocupar com famílias que tenham uma aderência maior com a sustentabilidade. O empreendimento leva a madeira para dentro da vida das pessoas e foi pensado para quem busca conexão com a natureza, além de conforto e bem-estar”, diz o CEO.
O fornecedor de madeira engenheirada do condomínio residencial da Noah é a Urbem, um spinoff da Amata que acaba de inaugurar uma fábrica no Paraná, e usa como matéria prima a madeira de pinus de reflorestamento.
Futuros projetos
Fundada em 2019, a Noah terá em 2022 seu primeiro ano de faturamento, com estimativa de alcançar R$ 6 milhões em dezembro — fruto da entrada de valores de projetos que já foram fechados. Para 2023, a expectativa é chegar a R$ 15 milhões.
No fim do ano passado, a startup recebeu um aporte de R$ 15 milhões do braço de venture capital da Dexco, antiga Duratex, que estão sendo usados para estruturar a operação. Uma nova rodada de captação só deve acontecer a partir do segundo semestre de 2023, diz o CEO.
O pipeline da Noah inclui ainda mais dois projetos comerciais, voltados a clientes do varejo. Um deles ficará em São Paulo e será voltado a “uma empresa de alimentos”, afirma Theodorakis, sem dar mais detalhes. Outro é de uma vinícola no Rio Grande do Sul.
O dinheiro para erguer os empreendimentos são captados individualmente. “Conforme os projetos vão aparecendo, a gente vai trazendo para a mesa investidores nacionais e internacionais para fazer os devidos ajustes a avançar”.
Em 2021, a Noah havia anunciado a criação do primeiro fundo imobiliário verde para viabilizar, entre outros projetos, a construção de um edifício comercial em madeira engenheirada também na Vila Madalena.
O objetivo era captar entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões na oferta pública, assim como a obra, acabou não saindo do papel.
“Nós percebemos que, no final do ano passado, o mercado estava mais estressado para fundos imobiliários, era uma janela ruim. Então decidimos não avançar”, afirma o CEO da Noah.