O Labi Exames, uma startup de medicina diagnóstica voltada para exames a preços acessíveis, começou a oferecer testes rápidos para a detecção do coronavírus.
Criada em 2017, a empresa estava em pleno processo de expansão e teve que mudar completamente a rota para preservar o caixa e redirecionar sua capacidade para atender os pacientes com suspeita de Covid.
A empresa fechou uma parceria com um dos principais laboratórios da Coreia do Sul para oferecer o teste que detecta a presença de anticorpos no sangue. O exame identifica se o paciente já desenvolveu a doença ou, em outras palavras, se o aparente resfriado de algumas semanas atrás era, na verdade, coronavírus.
“Ainda não é 100% comprovado, mas provavelmente se você desenvolveu os anticorpos, está protegido”, diz o CEO e fundador do Labi, Marcelo Noll Barboza, ex-presidente da rede de laboratórios Dasa. “É uma maneira de avaliar o risco para as pessoas que realmente têm a necessidade de se expor”.
A coleta é feita em domicílio e sem a necessidade do pedido médico e o exame é recomendado a partir do décimo dia dos sintomas. O resultado sai em seis horas.
O exame sai por R$ 198, já incluindo a taxa de coleta. “Estamos praticando uma margem menor do que em os outros exames”, diz Barboza.
Originalmente, os testes rápidos são feitos com uma gotinha de sangue da ponta do dedo. Mas, após uma série de testes, o Labi optou por fazer o exame com uma amostra tradicional de sangue, o que reduz substancialmente a chance de falsos negativos.
Os exames começaram a ser comercializados na sexta passada e a demanda foi cavalar: várias centenas de exames em menos de três dias. A empresa teve que suspender as vendas por ora por conta da sua capacidade restrita de coleta domiciliar, mas a expectativa é que, a partir da próxima semana, a oferta seja retomada.
Além do teste de anticorpos, o Labi oferece o teste chamado PCR para coronavírus, voltado para pacientes sintomáticos e que precisa de pedido médico, por R$ 298. O resultado sai em cerca de cinco dias.
Em meio à pandemia, o Labi teve de aumentar sua capacidade de coleta domiciliar, que não era a prioridade do seu modelo, baseado em uma estrutura enxuta de custos. Em menos de um mês, multiplicou essa capacidade em seis: de 20 para cerca de 120 atendimentos diários.
Das 17 unidades (15 em São Paulo e 2 no Rio), seis foram fechadas temporariamente e os funcionários que eram responsáveis pela coleta nas lojas foram redirecionados para o serviço domiciliar. A empresa contratou motoristas para cada um dos responsáveis pela coleta, que os pegam em casa e passam o dia com eles.
O Labi também está oferecendo isenção da taxa de coleta de R$ 45 para todos os exames para clientes com mais de 60 anos, que fazem parte do grupo de risco. “Há uma série de pessoas com doenças crônicas que não podem deixar de fazer exames”, diz Barboza.
A expectativa é reforçar o quadro atual de 100 funcionários nas próximas semanas.
“Em vez de ficarmos paralisados optamos por usar essa crise para sermos ofensivos”, diz Barboza. “Como podemos fortalecer nossa marca e trazer uma serviço efetivo ao cliente, sem deixar de lado o nosso propósito”.
O Labi fechou um aporte série A de R$ 20 milhões em setembro, liderado pela e.Bricks e com a participação da Positive Ventures, gestora focada em investimentos em impacto. Além de parâmetros financeiros, os executivos têm metas atreladas ao número de atendimentos nas classe C e D e ao volume de checkups, pacotes de exames para prevenção e detecção precoce de uma série de doenças. Apesar de atender alguns convênios, o grosso da demanda vem de pacientes sem plano.
“Tenho caixa pela série A do ano passado, mas agora tenho que esticá-lo: cortamos investimentos em expansão e despesas de marketing”, diz Barboza. “Estava prevista uma série B no fim do ano, mas tenho que ser conservador e trabalhar com o pior cenário: agora, meio as incertezas no mercado, a gente não sabe mais se vai ter esse dinheiro”.