O Pacto Global da ONU no Brasil anunciou mudanças em sua liderança após denúncias de assédio moral contra o então CEO da organização, Carlo Linkevieius Pereira, e o diretor de estratégia, Otávio Toledo.
Em nota, a organização informou que ambos “não integram mais o quadro de colaboradores” e que Guilherme Xavier, senior advisor do Pacto, assumirá interinamente como diretor executivo. O executivo está na organização desde o dia 28 de outubro e antes foi sócio da Accenture e Oliver Wyman.
Paralelamente, o Pacto abriu um processo de contratação de um novo CEO, com uma vaga afirmativa – prática de recrutamento para promover a inclusão de grupos historicamente marginalizados ou sub-representados.
Iniciativa das Nações Unidas para engajar empresas no desenvolvimento sustentável, a organização sofria críticas por promover a agenda de diversidade entre suas mais de 2 mil empresas signatárias no país, enquanto era liderada por um homem branco.
Um grupo de 12 pessoas que trabalham ou trabalharam no Pacto entraram com uma denúncia coletiva no Ministério Público do Trabalho (MPT) de São Paulo em outubro contra os dois diretores, alegando casos de assédio moral sistemático.
“Essa decisão emerge como uma resposta positiva a todas as vítimas de assédio que tiveram a coragem de denunciar este problema estrutural. Além disso, serve de exemplo para que as empresas assumam um compromisso concreto com a transformação das relações laborais”, diz Daniela Laurentino, advogada do grupo que fez a denúncia.
O MPT instaurou um inquérito civil para apurar o caso no último dia 11 de novembro, segundo o UOL, e notificou a organização no dia seguinte, dando prazo de 10 dias para que se manifestasse sobre a denúncia e tomasse providências. O prazo encerrava, portanto, hoje.
“A mudança de lideranças não é a única medida, neste momento. O Pacto Global permanece comprometido com a melhoria contínua e, por isso, está implementando ações estratégicas para fortalecer e aprimorar a governança”, diz o Pacto em nota.
Após receber a denúncia no dia 17 de outubro, o Pacto criou um comitê especial e contratou o escritório Machado Meyer para conduzir a apuração das denúncias, algumas encaminhadas individualmente pelos canais internos da organização entre 2022 e 2023. Esse processo segue em curso.
A nota do Pacto, enviada por meio de sua assessoria de imprensa, também informa que o Machado Meyer e o Veirano Advogados estão realizando uma revisão de políticas, procedimentos e ações de monitoramento para garantir maior eficiência na área de compliance.
“Me sinto finalmente acreditando que esta é a oportunidade de a organização se tornar de fato aquilo que ela pode e deve ser”, disse uma das denunciantes, após saber da troca na liderança da organização.