Maior fundo de pensão dos EUA quer Buffett fora da presidência do conselho da Berkshire

'Oráculo de Omaha' acumula funções de CEO e chairman há 52 anos

Maior fundo de pensão dos EUA quer Buffett fora da presidência do conselho da Berkshire
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O Calpers, fundo de pensão dos funcionários públicos da Califórnia com US$ 470 bilhões sob gestão, quer Warren Buffett fora da presidência do conselho da Berkshire Hathaway. 

O maior fundo de pensão dos Estados Unidos vai dar apoio a uma proposta apresentada pelo think-tank National Legal and Policy Center, que pede que as funções de chairman e CEO sejam separadas.

Buffett acumula os papéis há nada menos que 52 anos – o que é não é considerado uma boa prática de governança. 

Apesar do tamanho mastodôntico da Calpers, que tem US$ 2,5 bilhões em ações da Berkshire, a chance de a proposta passar na assembleia marcada para o próximo dia 30 é baixa. 

Buffett detém 32% do capital votante da Berkshire e seus posicionamentos com frequência ganham amplo apoio da base de acionistas, altamente pulverizada.

O conselho da Berkshire já se posicionou dizendo que se opõe à medida e que, quando Buffett – que tem 91 anos – falecer, o chairman será um membro do conselho que não faz parte da gestão. 

O plano é que Howard Buffett, um de seus filhos, assuma a função, enquanto o vice-chairman atual, Greg Abel, será o CEO.

A separação dos cargos de chairman e CEO é vista como uma forma de evitar abusos e garantir que o conselho tenha mais controle sobre as decisões do executivo principal. 

No Brasil, o Novo Mercado, nível mais elevado de governança corporativa, exige a separação dos cargos. 

Nos Estados Unidos, não há nenhum tipo de exigência regulatória ou autorregulatória, mas cada vez mais empresas vêm separando os cargos. Um estudo da consultoria Spencer Stuart mostra que, no ano passado, 59% das empresas do S&P tinham a divisão dos cargos, contra 55% em 2019 e 41% em 2010. 

Além da proposta relativa à presidência do conselho da Berkshire Hathaway, o Calpers também co-patrocinou uma proposta separada pedindo à companhia mais informação sobre o gerenciamento do risco climático. 

No ano passado, uma demanda similar, pedindo que a empresa divulgasse seus riscos climáticos de acordo com a Task-Force on Climate Related Disclosures (TCFD), foi rejeitada – apesar de ter contado com um atípico quórum a favor, de 25%, que incluiu a gigante BlackRock. 

Na época, o conselho afirmou que a divulgação não era necessária porque batia de frente com sua cultura: nos documentos da assembleia, argumentou que seu escritório central é enxuto, com apenas 26 pessoas, e opera de maneira “incomumente descentralizada”.