Dois dos maiores fundos de pensão do Reino Unido ameaçam barrar a reeleição de membros dos conselhos de administração da BP e da Shell nas assembleias de acionistas deste ano por conta da falta de ambição climática das petroleiras.
O Universities Superannuation Scheme Limited (USS), que gere a aposentadoria de professores e funcionários universitários e é um dos maiores fundos de previdência britânicos, e o Border to Coast, que cuida da aposentadoria de 1 milhão de funcionários públicos de governos locais, querem pressionar as petroleiras acelerar o progresso em relação às metas climáticas.
Juntos, os dois fundos têm cerca de 130 bilhões de libras (US$ 160 bi) sob gestão.
BP e Shell assumiram compromissos de se tornarem net zero até 2050, mas têm sido criticadas por ambientalistas e investidores ativistas por se moverem de forma muito lenta e, mais recentemente, por retrocederem em seus planos de transição energética.
No mês passado, alegando ameaças à segurança energética por conta da guerra na Ucrânia, a BP cortou sua projeção de reduzir a produção de combustíveis fósseis de 40% para 25% até 2030.
Já na Shell, o CEO Wael Sawan, que assumiu em janeiro, está revendo a estratégia de negócio da companhia, inclusive o compromisso de diminuir a produção de petróleo entre 1% e 2% a cada ano por conta das emissões de gases de efeito estufa, segundo fontes ao FT.
Também em fevereiro, em ação judicial inédita, uma ONG acusou diretores da Shell por má gestão dos riscos da mudança climática sobre os negócios.
Segundo o FT, o Border to Coast, que tem ativos de US$ 47 bilhões, pode votar contra a recondução dos presidentes dos conselhos das duas petroleiras e seguir a mesma política em outras petroleiras pelo mundo das quais é acionista, inclusive a brasileira Petrobras.