Eletrobras: Troca de ações para Novo Mercado pode enfrentar oposição, diz Itaú

Na sexta-feira, a companhia divulgou um plano que prevê a conversão de ações preferenciais em ações ordinárias

Eletrobras estuda proposta para migrar para o Novo Mercado
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A proposta em estudo para migrar as ações da Eletrobras para o Novo Mercado pode enfrentar oposição dos acionistas detentores dos papéis ordinários, afirma o Itaú BBA. 

Na sexta-feira, a companhia divulgou um plano que prevê a conversão de ações preferenciais classe B (ELET6) em ações ordinárias (ELET3), com direito a voto – única classe admitida no nível mais alto de governança da B3. 

Pela proposta, cada ação preferencial receberia 1,1 ação ordinária, o que configura um prêmio de 10% para as ações sem direito a voto. 

Esse ágio tem por base a diferença nos direitos a dividendos: os acionistas de ELET6 têm direito a um dividendo mínimo anual de 6% do capital pertencente a essa classe de ações e recebem um dividendo por ação pelo menos 10% maior que os acionistas de ELET3. 

Para o Itaú, contudo, o que pode gerar confusão é a liquidez. 

“Se essa proposta for à frente, os acionistas ordinários podem contestar os termos da troca de ações, argumentando que as ações ordinárias têm muito mais liquidez e, por isso, o prêmio deveria ser menor que 10%”, escreveu a equipe liderada pelo analista Marcelo Sá em nota enviada hoje aos clientes. 

A média diária de negociação de ELET3 é de R$ 517 milhões por dia, enquanto a ação preferencial da Eletrobras negocia R$ 149 milhões por dia. 

Os papéis ordinários correspondem a 87,8% das ações totais, enquanto as ações ELET6 correspondem a 12,1%. 

No fechamento do último pregão, o prêmio das preferenciais era de cerca de 5,6% sobre as ordinárias. 


Tradicionalmente, os papéis ordinários costumam ter prêmio por garantir o direito a voto. Mas, no caso da Eletrobras, desde a privatização levada a cabo em agosto, essa vantagem já não é mais tão expressiva. 

Para blindar a empresa da interferência estatal, o estatuto prevê que nenhum acionista pode ter mais que 10% de direito a voto. 


A União ainda tem 40% das ações, por meio da participação direta e do BNDES. 

A privatização da Eletrobras ocorreu em junho, com um aumento de capital que movimentou R$ 33 bilhões. O governo não participou dessa capitalização, o que diluiu sua participação e fez com que ficasse com menos de 50% dos votos. A ex-estatal tornou-se uma “corporation”, empresa sem controlador definido.