Vibra tira CEO da AES e reforça aposta na transição energética

A Vibra anunciou na noite de ontem a criação de uma nova vice-presidência de energias renováveis e ESG e a contratação da executiva Clarissa Sadock para ocupar o cargo pelos próximos dois anos, a partir de 1 de agosto. Sadock renunciou à presidência da AES Brasil, posição que ocupava há dois anos e meio, para assumir o novo posto.

Com a contratação, a antiga BR Distribuidora põe mais fichas na tese de transição energética que começou a se desenhar quando a empresa deixou de ser controlada pela Petrobras.

Na AES, Sadock coordenou uma estratégia mais agressiva de aquisições, trazendo projetos eólicos e solares ao portfólio. “A chegada dela mostra que o assunto da transição energética é sério dentro da Vibra”, diz um investidor.

Um ano atrás os acionistas de referência da empresa – as gestoras Dynamo, Verde e Bogari e o investidor Ronaldo Cezar Coelho – conseguiram eleger um conselho estelar, comandado por Sérgio Rial, para liderar essa estratégia.

De lá para cá, no entanto, a companhia sofreu alguns contratempos. 

No mais recente, passou operar sob o fantasma da volta da influência estatal, em meio a especulações de que Petrobras e Previ estariam articulando, a pedido do governo Lula, uma ampliação da participação acionária na empresa.

A ação chegou a subir quase 50% na esteira dos rumores. Na última sexta-feira, a Petrobras negou as informações, levando os papéis da Vibra a desabar, mas analistas e investidores não ficaram totalmente convencidos. Mesmo com a queda, em 30 dias as ações registram alta de 30%. Em 12 meses, elas se desvalorizaram 17%. 

Antes disso, em julho do ano passado, houve a saída do CEO Wilson Ferreira, que aceitou convite para retornar ao comando da Eletrobras depois da privatização. Ferreira havia chegado pouco mais de um ano antes, depois que a Petrobras deixou o controle da BR, e vinha liderando o reposicionamento da Vibra, buscando distanciá-la do protagonismo exclusivo na distribuição de combustíveis fósseis.

Para o lugar de Ferreira, chegou em fevereiro deste ano Ernesto Pousada, vindo da VLI Logística, visto como um executivo de perfil mais operacional do que estratégico e sem experiência no setor de energia. “A Vibra tem uma série de ineficiências de ex-estatal que precisam ser resolvidas e Pousada deve fazer um bom trabalho nessa frente”, diz um investidor. 

Agora, a chegada de Sadock reforça na diretoria a experiência setorial, em particular em energias renováveis. A executiva estava há 18 anos na AES, onde passou pela área de planejamento estratégico e também foi CFO antes de se tornar presidente.

Junto da nomeação da Sadock, a Vibra também informou a chegada de Augusto Ribeiro, ex-BRF, como novo CFO.