Vale vira alvo em ação por desastre da Samarco em Londres

Mineradora não consegue barrar pedido da BHP para compartilhamento de responsabilidade em Mariana (MG)

Casas soterradas em desastre de Mariana
Foto: Rogério Alves/TV Senado
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A Vale se tornou ré no processo que corre em Londres pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015, e pode ser corresponsabilizada pelo desastre ocorrido em Mariana (MG). A decisão foi emitida hoje pela Justiça inglesa. 

A mineradora brasileira havia feito um pedido, indeferido hoje, em que questionava a medida de contribuição proposta pela BHP para que a Vale fosse responsável por “50% ou mais” da ação estimada em cerca de £ 36 bilhões. A Samarco, que operava a barragem, era uma joint-venture das duas companhias, com participação igualitária.

Em fato relevante publicado mais cedo, a Vale afirma que “A Companhia e seus consultores jurídicos considerarão cuidadosamente os elementos da decisão e apresentarão as medidas cabíveis no processo”. A empresa disse manter “seu compromisso com a reparação dos danos causados” de acordo com o previsto pelo Termo de Ajuste de Conduta (TAC) e Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), firmado entre a Samarco, suas duas acionistas, União Federal, Estados de Minas Gerais e Espírito e outras autoridades públicas. 

O julgamento das mineradoras deve ocorrer apenas em outubro de 2024.

Por meio da Fundação Renova, criada em 2016 para lidar com as ações de reparação e compensação pelo desastre, a Vale afirma ter desembolsado R$ 28,1 milhões até o fim do ano passado e prevê mais R$ 8,1 milhões em iniciativas para 2023. 

O processo é movido pelo escritório de advocacia Pogust Goodhead, que afirma ter mais de 720 mil reclamantes. O escritório tem expertise em representar grupos diante de grandes empresas e também levou à Holanda o caso da Braskem pelo desastre em Maceió. 

“A BHP previamente alegou na Corte de Londres que a inclusão da Vale no processo tornaria mais provável chegar a um acordo, e vamos fazer eles cumprirem com sua palavra”, disse o sócio-administrador e CEO do escritório Pogust Goodhead, Tom Goodhead.

*Atualizada às 15h57 com o posicionamento do Pogust Goodhead