Vale e BHP fazem acordo sobre divisão de responsabilidade por Mariana

Mineradora brasileira vai compartilhar custo de indenizações caso processos em curso na Europa resultem em condenação

Casas soterradas em desastre de Mariana
Foto: Rogério Alves/TV Senado
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As mineradoras Vale e BHP acabam de firmar um acordo confidencial para a retirada da ação de contribuição que a companhia anglo-australiana movia contra a brasileira referente às indenizações do rompimento da barragem da Samarco, controlada pelas duas empresas, em Mariana (MG), ocorrido em 2015.

O acordo prevê também a divisão de responsabilidades entre a Vale e a BHP nos processos que correm fora do Brasil, de acordo com uma nota divulgada pela companhia brasileira. Os demais termos são confidenciais. A Vale afirmou que o acordo não prevê “qualquer admissão de responsabilidade”.

A BHP responde no Reino Unido a uma ação coletiva de mais de 600 mil reclamantes movida pelo escritório de advocacia Pogust Goodhead. O pedido de indenização é estimado em R$ 230 bilhões.

Já a Vale enfrenta, na Holanda, um processo que pede indenização equivalente a R$ 21 bilhões. Com mais de 77 mil requerentes, a ação foi movida também com participação do Pogust Goodhead.

A BHP havia entrado em dezembro de 2022 com uma ação na Justiça britânica demandando que a Vale respondesse por pelo menos 50% de eventuais reparações financeiras decorrentes do processo, pois a brasileira era sua sócia na Samarco.

Em agosto do ano passado, a Corte de Londres aceitou a demanda da BHP e, em outubro, rejeitou tentativas da Vale de recorrer da decisão. 

Considerado o maior desastre ambiental da história do Brasil, o rompimento da barragem de Fundão ocorreu em 5 de novembro de 2015 e matou 19 pessoas, além de levar entre 40 milhões a 50 milhões de toneladas de rejeitos tóxicos para o Rio Doce, importante curso d’água da região Sudeste.

Provisões

Em fevereiro, a BHP havia anunciado que iria subir em US$ 3,2 bilhões o valor total para lidar com os custos do rompimento da barragem, chegando a um valor total de US$ 6,5 bilhões somente no ano fiscal de 2023.

A Vale também apresentou seus números ao divulgar, em abril, seus resultados do primeiro trimestre de 2024. Na ocasião, a mineradora informou ter desembolsado R$ 37 bilhões para remediação e indenização dos danos causados em Mariana.

Em um fato relevante, também publicado em abril, a mineradora previa uma provisão de US$ 2,9 bilhões para este ano referentes aos compromissos de Brumadinho e Mariana, seguidos de US$ 2,7 bilhões em 2025, US$ 2,4 bilhões em 2026 e US$ 2,1 bilhões em 2027

Em abril, a Vale e a BHP informaram ter enviado ao Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6) uma nova proposta de acordo para “reparação definitiva dos danos, proporcionando a pacificação social”, com um pagamento em dinheiro de R$ 72 bilhões à União, aos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo e aos municípios afetados.

Somando obrigações passadas e futuras, o montante desembolsado chegaria a R$ 127 bilhões.