COMPANHIAS ABERTAS

Raízen transfere ativos da Argentina e Paraguai para subsidiária em meio a reestruturação 

Mudança contábil envolve patrimônio de R$ 7,9 bilhões de operações que inclui uma refinaria de petróleo e rede de postos com bandeira Shell

tanque de combustível branco com a logo da raízen na cor roxa

A sucroalcooleira Raízen, joint venture entre Shell e Cosan, vai transferir as operações da Argentina e do Paraguai para a sua subsidiária Raízen Energia (Resa), responsável pelos negócios de açúcar e etanol no Brasil. Hoje, as operações internacionais ficam sob a estrutura da holding Raízen S.A. 

Uma assembleia-geral extraordinária foi convocada para 31 de julho para que os acionistas avaliem a proposta. Os custos para implementar a mudança devem somar R$ 422 mil, segundo a companhia.

Se aprovada pelos acionistas, a cisão vai transferir R$ 7,868 bilhões em ativos e passivos do patrimônio da holding para a Resa. Na prática, a nova configuração contábil não altera o capital social da Raízen ou seu patrimônio líquido, porque ela detém 100% da subsidiária que receberá os ativos.

“A operação tem como propósito otimizar a estrutura de capital e gestão, concentrando a participação societária detida pelo grupo econômico do qual fazem parte as Companhias em sociedades do exterior”, diz o fato relevante da empresa divulgado na noite de segunda-feira (30).

Segundo reportagem da Bloomberg de 6 de março, a Raízen busca vender os ativos na Argentina, que reúnem como principais atividades uma refinaria de petróleo e uma rede de postos sob bandeira da Shell. No Paraguai, a presença da companhia é também com uma rede de distribuição.

À venda


A Raízen tem vendido uma série de ativos desde 2024, em meio a um processo de reestruturação para diminuir o seu endividamento.  Entre elas estão parte das usinas de cana-de-açúcar e plantas de energia solar. 

A relação entre a dívida líquida e o resultado operacional (Ebitda) da companhia é de 3,4 vezes, de acordo com o balanço do primeiro trimestre deste ano. Em valores nominais, a dívida subiu de R$ 25,6 bilhões em 2024 para R$ 36,2 bilhões em  2025.

Em junho, a Agência Estado divulgou que o processo de venda tem avançado e, entre os interessados, estavam as tradings de commodities Trafigura, de Cingapura, e a anglo-suíça Glencore. 

A venda de ativos e a alta na produtividade da cana-de-açúcar este ano deverão ajudar a reforçar o resultado e, consequentemente, baixar o endividamento da Raízen, segundo análise do Santander de junho. 

“As vendas reduziriam a carteira de ativos, mas potencialmente permitem uma melhor produtividade na ESB [Ethanol, sugar and bioenergy, na sigla em inglês] e a concentração nos combustíveis brasileiros”, diz a equipe de análise em relatório.

Para o Banco do Brasil, os desinvestimentos são um “ponto-chave”. No último relatório sobre a companhia, os analistas avaliam como positiva a “volta ao core-business”. Apesar disso, os resultados positivos devem demorar a aparecer devido à necessidade de “avanços mais consistentes”.