Cosan zera posição na Vale, embolsa R$ 9 bi e reduz dívida

Movimento é crítico para posição financeira da Cosan, avalia Itaú BBA

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A Cosan vendeu hoje um bloco de 173 milhões de ações da Vale, o equivalente a pouco mais de 4% do capital social da mineradora. Com isso, a empresa de Rubens Ometto embolsou cerca de R$ 9 bilhões, que serão integralmente usados para abater a dívida, conforme comunicado. 

Os executivos à frente da companhia justificaram que a decisão foi tomada com base no objetivo de reduzir o endividamento. A dívida líquida da Cosan somou R$ 59,7 bilhões no terceiro trimestre de 2024, e a alavancagem chegou a 2,9x. 

“A Vale é um ativo extraordinário e confio muito na nova gestão. Entretanto, o patamar atual da taxa de juros nos obriga a reduzir a alavancagem da Cosan”, disse Rubens Ometto, presidente do Conselho de Administração da Cosan. “Já passei por muito e aprendi que o foco deve ser na disciplina financeira para podermos continuar crescendo.”

O CEO da Cosan, Marcelo Martins, ecoou a fala de Ometto: “Foi uma decisão pragmática e estritamente financeira. Considerando a atual taxa de juros no Brasil, ficou difícil apostar em uma valorização expressiva do mercado acionário”. A participação do conglomerado na Vale foi construída há menos de três anos, em outubro de 2022. 

A venda é um passo crítico para melhorar a posição financeira da holding, à medida que reduz sua alavancagem e simplifica sua estrutura, avalia o Itaú BBA. “Esta decisão elimina um excesso significativo nas ações, e acreditamos que a complexidade reduzida resultante tornará a tese de investimento mais atraente para os investidores”, escrevem os analistas.

“Reafirmamos nossa classificação de desempenho superior para a Cosan e consideramos a venda da participação da Vale um marco significativo na estratégia de desalavancagem da empresa, reforçando sua resiliência no atual ambiente macroeconômico desafiador.”

A operação foi coordenada pelo J.P. Morgan, que levou os papéis ao menor desconto. A ação da Vale fechou a R$ 52,60 ontem, na B3, e foi vendida a R$ 52,29 no leilão.

O movimento da Cosan vem meses após mudanças nas lideranças das duas companhias envolvidas na transação. 

O atual CEO da Vale, Gustavo Pimenta, assumiu em outubro de 2024. Um mês depois, foi a vez da dança das cadeiras no grupo de Ometto: Martins subiu para a cadeira de CEO da Cosan, enquanto Nelson Gomes, que a ocupava até então, virou CEO da Raízen. Ricardo Mussa, que estava nessa posição, se tornou CEO da Cosan Investimentos e, poucas semanas depois, renunciou ao cargo.