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Com aquisição da Lenzing, Suzano entra de cabeça nos têxteis sustentáveis

Empresa austríaca é uma das maiores fornecedoras de globais de fibra de celulose, uma alternativa aos tecidos feitos de derivados de petróleo 

Com aquisição da Lenzing, Suzano entra de cabeça nos têxteis sustentáveis

Maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, a Suzano acaba de adquirir uma fatia da austríaca Lenzing AG, uma das principais fabricantes globais de fibra de celulose para indústria têxtil e de não-tecidos.

A transação marca a entrada da companhia brasileira entre os grandes players desse  mercado e também sinaliza a sua aposta em práticas mais sustentáveis no setor.

Hoje, 70% dos tecidos produzidos globalmente são sintéticos, como poliéster e elastano, que têm sua origem no petróleo. Por ano, são produzidas cerca de 100 milhões de toneladas de fibras têxteis no mundo, com impactos ambientais que incluem poluição da água e emissões de gases de efeito estufa. 

Os produtos da Lenzing são feitos a partir de células da madeira. As fibras são compostáveis e biodegradáveis, de acordo com a empresa, contribuindo para a circularidade do material.

A Suzano vai comprar 15% da Lenzing, por € 230 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão). O preço negociado da ação foi de € 39,70, mais de 20% acima do fechamento de ontem, de € 32,30, na bolsa de valores de Viena.  

A brasileira está adquirindo uma participação acionária no B&C Group, que controla a  empresa austríaca e, ao fim da operação, terá diminuído sua fatia na Lenzing de 52,25% para 37,25%. 

O contrato prevê ainda que a Suzano poderá comprar outros 15% de participação até o fim de 2028. Se exercer a opção, a companhia da família Feffer se tornará a acionista majoritária da Lenzing. 

“A Lenzing já é líder global no fornecimento de fibras de celulose premium para a indústria têxtil e de não-tecido, e nós reconhecemos que há oportunidades de crescimento a partir de sua tecnologia consolidada, alcance de produto e conhecimento técnico”, diz Walter Schalka, presidente da Suzano, em nota. 

Depois de uma década à frente da companhia, Schalka deixa a presidência no próximo 1º de julho. Ele será sucedido pelo presidente da Rumo, João Alberto Abreu. 

Investimento em têxtil

A Suzano já é acionista da Spinnova, uma startup finlandesa que produz fibra têxtil a partir de celulose. As duas empresas investiram, no ano passado, € 222 milhões na construção da primeira fábrica com escala comercial, na Finlândia.

Em março, a Spinnova e a Suzano assinaram uma carta de intenção para a criação de uma segunda fábrica. Nesse caso, a  tecnologia será fornecida pela startup, enquanto a Suzano será a dona e a operadora da produção. A expectativa é que a capacidade de produção seja de 20 mil toneladas de fibra por ano, com a instalação no Brasil, próxima a alguma fábrica já existente da Suzano. 

O anúncio segue a atualização da estratégia da Spinnova, que comunicou ao mercado que vai focar nas vendas de sua tecnologia em vez de produzir ela mesma as fibras têxteis. A decisão deve contribuir para a geração de fluxo de caixa positivo, na visão da startup, e não deve precisar de investimento adicional. A Lenzing também é acionista da Spinnova.