A B3 quer que o seu Índice de Sustentabilidade Empresarial, o ISE, fale a língua dos investidores e, para isso, está promovendo uma ampla reforma na sua metodologia.
Uma das mudanças está no questionário que as candidatas a integrar o índice têm que responder todos os anos. A nova proposta foi colocada em consulta pública neste mês e o mercado pode opinar até o dia 28.
Como o Reset antecipou, o novo questionário está mais enxuto e incorpora o princípio da materialidade, ou seja, reflete aspectos prioritários para cada um dos diferentes setores presentes na bolsa.
Se antes a lista de perguntas era a mesma, independentemente do segmento, agora existem perguntas específicas a serem respondidas por frigoríficos, bancos, seguradoras e assim por diante.
As questões ficaram também menos acadêmicas e obedecem a uma lógica mais de mercado. O questionário está um pouco mais enxuto: antes eram 337 perguntas padronizadas e agora existe um total de 267, mas que não se aplicam a todas as empresas.
No tópico de finanças sustentáveis, por exemplo, há 27 perguntas que se destinam apenas a bancos e/ou seguradoras.
Já as perguntas sobre gestão da cadeia de fornecimento não se destinam às instituições financeiras e recaem principalmente sobre setores industriais e de comércio de produtos.
As perguntas são agrupadas por cinco grandes temas: capital humano (segurança no trabalho, diversidade), governança corporativa e alta gestão, modelo de negócio e inovação (cadeias de fornecimento, design e ciclo de vida do produto), capital social (bem-estar do cliente, segurança de dados), e meio-ambiente.
A consulta pública pode ser acessada aqui.
Apesar de vigorar há 16 anos, o ISE nunca vingou efetivamente entre investidores e hoje lastreia poucos fundos. Muitos investidores se queixam da governança do índice e do fato de empresas que atuam em setores controversos, como de petróleo, além de companhias já arroladas na Lava Jato, fazerem parte da composição.
Além da mudança no questionário, a proposta do novo índice, que deve estrear em 2022, é ir além das perguntas — hoje, a carteira baseia-se, em grande medida, em informações autodeclaradas. Na nova metodologia devem ser usadas mais informações públicas e de provedores externos de dados ESG, tanto para a seleção da carteira quanto para alterações na composição. A B3 também estuda mudanças na governança.
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