GrowPack abre fábrica de embalagens biodegradáveis e inicia testes com iFood

Startup se estabelece em Vinhedo (SP) e quer provar viabilidade comercial de embalagem compostável de palha de milho, que substitui o plástico

O bioring de palha de milho feito pela GrowPack para a Ambev
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A GrowPack, startup de embalagens biodegradáveis, abre hoje sua fábrica em Vinhedo, a cerca de 80 km da capital paulista. 

A localização é estratégica: está próxima de fazendas que fornecem o principal insumo usado pela empresa, a palha de milho. Mas também facilita o acesso aos pólos consumidores de São Paulo e Campinas, onde estão importantes centros de distribuição da Ambev, primeira cliente e investidora.

A GrowPack também acaba de fechar parceria com o iFood. Em conversas desde 2020, as empresas vão testar a viabilidade de um box, em formato de marmita, para ser usado no transporte de alimentos.

Segundo Exequiel Bunge, 29, CEO da GrowPack, a fábrica dá à empresa a capacidade de cocriar embalagens com novos clientes num prazo relativamente curto, de seis meses. 

“Antes só produzíamos amostras. Agora podemos produzir milhares de amostras e testar a escala. Já estamos experimentando moldes para caixas para cosméticos.”

Ainda uma planta piloto, a fábrica tem 1300 m² e uma capacidade inicial de processar 400 kg de matéria-prima por dia, o que equivale a 100 mil embalagens. Mas o plano é triplicar o volume até o início de 2023.

Os primeiros produtos serão dois: para a Ambev, os bio rings, um suporte que encaixa seis latas de cerveja e substitui embalagens de plástico e de papel (na foto acima); e para o iFood, os boxes que servirão de teste para a entrega em domicílio.

Com tecnologia própria, a GrowPack diz que a produção de suas embalagens representa economia de 25% de energia elétrica e 80% no uso de água em comparação com as de papelão.

Quando o assunto é custo, Bunge não revela valores, mas diz que, na escala inicial, suas embalagens já apresentam preços competitivos em relação às de papelão e de fibras biodegradáveis moldadas importadas. 

Estas últimas, feitas com fibras como as de cana ou trigo, são semelhantes na aparência ao produto da GrowPack e têm sido adotadas por restaurantes que buscam o rótulo eco-friendly. No entanto, Bunge afirma que a cadeia produtiva e o método de fabricação dessas embalagens pode ter uma alta taxa de emissão de CO2.

“A cadeia de produção começa no Chile, passa pela China e chega ao Brasil. O produto é moldado quimicamente. O resultado é um produto plástico zero com alto gasto de água e excesso de emissões de carbono. Queremos conquistar esses clientes, mostrando que nossa cadeia é mais limpa e sustentável”, afirma.

Captando clientes

Determinada a conquistar o iFood de vez como cliente, a startup vai fornecer entre 30 mil e 50 mil embalagens que serão testadas para o transporte das refeições de oito restaurantes em Campinas nos próximos meses. 

Bunge diz que a marmita de fibra da GrowPack, além de resistente, mantém a temperatura dos alimentos e pode ser levada ao microondas e ao freezer. 

A empresa deve precisar fazer uma nova captação de investimentos em 2023, mas por ora o empreendedor diz que o foco é captar clientes, operar a fábrica com sucesso e ter crescimento orgânico para gerar caixa.

“A equipe hoje tem seis pessoas, mas queremos chegar a vinte, para ampliar nosso portfólio de clientes e validar o conceito do nosso negócio. Assim vamos chegar na próxima rodada com boa saúde financeira e números mais atrativos”, afirma Bunge.

A rodada seed, somada a outros aportes, totalizou US$ 1,3 milhão, que foram usados quase integralmente na implantação e financiamento da operação da fábrica até o ano que vem. A rodada teve como líderes a Ambev e um empresário argentino do agronegócio.