Carros elétricos são uma das apostas para a descarbonização do setor de transportes, mas não são uma solução mágica. Embora não emitam gases de efeito estufa durante seu uso, a fabricação desses veículos pode estar associada a grandes pegadas de carbono. Além disso, a recarga, a depender da fonte de energia utilizada, pode também ser uma relevante fonte de emissão.
Atenta a isso, a União Europeia está preparando um conjunto de regras para exigir, a partir de 2027, o uso e fabricação de baterias que sigam parâmetros de sustentabilidade em sua cadeia de produção.
Uma dessas medidas é o Battery Passport. Trata-se de um QR Code no qual haverá informações como composição, capacidade e durabilidade da bateria elétrica.
Para as baterias de veículos circulando na União Europeia, serão exigidas métricas relacionadas à sustentabilidade ambiental relativas ao escopo 1 e também a quantificação da pegada de carbono escopo 1,2 e 3, além de métricas de sustentabilidade social.
Ou seja, independentemente de onde a bateria ou o veículo foi produzido, para entrar em circulação na União Europeia será preciso apresentar o Battery Passport. demonstrando que a bateria possui materiais industriais cujo rastreamento prova que foi produzido com práticas ambientais e sociais sustentáveis.
O Battery Passport para a indústria de veículos elétricos é um dos elementos principais da reorganização global em torno da pegada de carbono de cadeias industriais e de insumos.
Com o cerco cada vez mais apertado aos veículos movidos a combustíveis fósseis, um estudo da consultoria McKinsey projeta que, até 2030, a demanda da União Europeia por cobalto será cinco vezes maior do que foi 2018 e a procura por lítio crescerá 18 vezes. Ambos são componentes das baterias elétricas.
“O Brasil tem uma oportunidade enorme de se posicionar como fornecedor de minérios carbono zero se começar a trabalhar já”, diz Ana Cabral, CEO da produtora de lítio Sigma Lithium, que esteve na COP28, em Dubai, apresentando seu modelo de produção de minério batizado pela empresa de triple zero.
Zero emissão de carbono, zero químicos nocivos e zero rejeitos -, e que durante o evento, incluiu mais dois índices na lista, tornando-se a primeira indústria quíntuplo-zero do mundo, já que não utiliza água potável, nem fonte de energia não renovável.
Atualmente, a União Europeia tem 4,5 milhões de carros elétricos rodando, e demanda 255 mil toneladas do lítio pré-químico. Em 2026, estima-se que a região terá 8,5 milhões de carros e precisará de 480 mil toneladas da matéria-prima.
Por conta disso, a Sigma Lithium está quase triplicando sua capacidade de produção: das atuais 37 mil toneladas anuais, planeja atingir 100 mil em 2025.
O produto da empresa, explica Cabral, é demandado pelos produtores que fornecem baterias para o mercado europeu por causa de seu status até então triple zero (agora quintuple zero). Outras produtoras de lítio chegam a emitir 45 toneladas de carbono para cada uma do produto final.
A Sigma foi pensada para ter a produção mais sustentável possível. Seu processo de mineração trabalha com o empilhamento a seco de resíduos (evitando riscos de acidentes ambientais); separação óptica do metal, que dispensa uso de produtos químicos, e reúso de energia e água em todo processo.
O lítio é um componente essencial das baterias modernas e é sempre o mais lembrado quando se fala no assunto. Mas cobalto, níquel, manganês, grafite, alumínio, cobre, aço, ferro e nióbio, por exemplo, são outros minérios demandados por essa indústria, cujos principais compradores estão em países como China, Japão e Coréia do Sul.
“É na indústria de base que podemos ser competitivos. Outras empresas brasileiras podem se beneficiar se investirem em minas e plantas como a nossa”, diz Cabral.
Ao adquirir metais com zero emissão, os fabricantes conseguem diminuir as emissões do escopo 3, relativo à cadeia de produção, e não investir na compra de créditos de carbono ou em outras medidas de compensação para cumprir as exigências europeias.
Cabral explica que o Battery Passport está obrigando a indústria a se descarbonizar e defende, inclusive, a criação de um “prêmio verde” que, na hora da precificação, privilegie as commodities que tenham uma pegada de carbono zero ou bem baixa.
No terceiro trimestre deste ano, a Sigma Lithium reportou US$ 96,9 milhões em receita, com uma margem de lucro de 37%, atribuída ao baixo custo de produção decorrente da eficiência operacional dos seus processos de extração e beneficiamento.
A empresa está localizada no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, onde gerou mil vagas de emprego diretas e 13 mil indiretas.
Sobre a marca:
A Sigma tem como missão apoiar um futuro de energia sustentável. Como um dos maiores produtores mundiais de lítio ambientalmente sustentável, capacitamos o crescimento indústria de veículos elétricos.