Florestas certificadas: motor de uma economia sustentável

FSC, organização não governamental voltada ao setor florestal, quer dobrar área certificada em todo o mundo até 2026

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Florestas certificadas: motor de uma economia sustentável
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Para um livro ser feito, é preciso plantar mudas, cuidar da floresta, processar madeira, levar para a gráfica, produzir uma festa de lançamento. Para um instrumento musical ser criado, é preciso cuidar da floresta, extrair a madeira, contar com o trabalho de um luthier. Para fazer um óleo essencial, é preciso novamente cuidar da floresta, extrair resina, macerar, destilar. 

O que se repete nesses três exemplos de cadeia produtiva? O cuidado com a floresta. 

São poucos os setores de uma economia capazes de gerar valor ambiental, social e financeiro ao mesmo tempo, em larga escala, e de forma a que um potencialize o outro. 

O  poder da floresta como motor econômico surpreende. Mesmo quando estamos distantes dela geograficamente, ela está ao nosso redor.

Está nos livros, embalagens, materiais impressos, no mobiliário, na construção civil, em ingredientes culinários, em cosméticos e por aí vai.

Quando se pensa na produção desses itens de ponta a ponta, se começa a ter uma ideia do significado socioeconômico, de geração de emprego e renda. 

O PIB das florestas

O setor florestal contribuiu com US$ 1,5 trilhão para o PIB mundial e empregava 33 milhões de pessoas, segundo o State of the World Forest 2022, relatório da FAO. Em 2022, o PIB global foi de US$ 101,6 trilhões. Conservar as florestas é, portanto, fazer a economia girar.

“A necessidade de se manter a floresta em pé não significa que ela não possa ser manejada para fins econômicos”, defende Daniela Vilela, diretora-executiva do FSC Brasil.

É possível – e viável economicamente – utilizar recursos florestais e ao mesmo tempo conservá-los para as gerações futuras. As florestas certificadas são um dos motores de uma economia verdadeiramente sustentável.

Se provenientes de fontes responsáveis, portanto, seu livro de cabeceira, o lápis de cor, o piso de madeira da sala, o açaí do pré-treino, a cabeceira da cama e até mesmo aquele óleo essencial usado para relaxar depois de um dia estressante podem ter um papel importante na conservação do meio ambiente. 

Florestas certificadas em expansão

Há 30 anos, a missão do FSC (Forest Stewardship Council) no mundo é promover o manejo florestal responsável para garantir florestas para todos e para sempre.

Na década de 90, um grupo se uniu para criar um selo que atestasse as boas práticas desse processo produtivo. O FSC estabeleceu uma série de princípios e critérios que são a base do manejo florestal, minimizando os impactos negativos.

Hoje há mais de 160 milhões de hectares de florestas certificadas no mundo. Só no Brasil, são 8 milhões de hectares, entre florestas nativas e plantadas, o que equivale a quase o tamanho dos estados de Alagoas e Paraíba somados.

Mas, como da floresta até o consumidor final há um longo caminho, o FSC também tem a certificação da cadeia de custódia.

Essa certificação se aplica aos empreendimentos envolvidos no processamento e comercialização de produtos que utilizam insumos florestais certificados, assegurando a rastreabilidade de toda a cadeia produtiva, desde a origem da matéria-prima até o artigo na prateleira.

No mundo são quase 58.000 certificados de cadeia de custódia e, no Brasil, cerca de 1.250.

O FSC trouxe à indústria de base florestal a necessidade de se adequar a um processo produtivo mais sustentável e regulamentado.

Para o consumidor, por meio de um símbolo conhecido – a arvorezinha verde –, a certificação estimula a compra  consciente, já que indica produtos de origem florestal provenientes de cadeias responsáveis. 

“O consumidor tem um poder enorme, seja ele uma pessoa física, uma empresa ou o próprio governo”, diz Vilela. “Mas isso só é possível quando ele sabe o que está comprando, de quem e como aquilo foi produzido.”

Por que se certificar?

Em boa parte dos casos, quem se certifica busca acesso a novos mercados, mas há outros ganhos. Como as técnicas de manejo reduzem o desperdício, há incremento da produtividade. Há também a melhora da imagem da empresa perante clientes, consumidores e investidores. 

Segundo a última pesquisa global do FSC, 62% dos consumidores acreditam que podem ajudar a proteger as florestas com o seu poder de compra. E 66% deles esperam que as próprias empresas assegurem que seus produtos de papel e madeira e suas embalagens não contribuam com o desmatamento 

Qualquer organização que faça parte da cadeia produtiva de produtos florestais é elegível à certificação. Válido por cinco anos, o processo inclui análise de documentos, auditoria e monitoramento anual. Podem obter o certificado pequenas ou grandes operações, associações ou cooperativas comunitárias. 

No caso das florestas, elas podem ser naturais ou plantadas, públicas ou privadas, para conservação ou produção de madeira e produtos não madeireiros, como fibras e óleos.

Fabricantes, comerciantes de madeira, serrarias, atacadistas, importadores, construtores, designers, editoras e gráficas podem obter a certificação de cadeia de custódia. 

No Brasil, entre os dois tipos de certificação, estão empresas como as gigantes do setor de papel e celulose Veracel, Suzano e Klabin, a Mil Madeiras Preciosas, a Dexco, os comunitários da Associação Agroextrativista da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, no Amazonas, a Cooperativa dos produtores de açaí da Amazonbai, no Amapá, a Ervateira Putinguense, no Rio Grande do Sul, Faber Castell, Tetrapak, Tramontina, Melhoramentos e muitos outros.

Até 2026, dos atuais 160 milhões de hectares, o FSC quer chegar aos 300 milhões de hectares certificados.

Dentro dessa área global, o objetivo é duplicar a certificação de florestas tropicais naturais e áreas geridas por pequenos produtores, comunidades tradicionais e povos indígenas para um total de 50 milhões de hectares. 

Para obter a certificação, a organização deve atender aos padrões do FSC, que são baseados em dez princípios fundamentais que cobrem questões que vão desde o impacto ambiental às comunidades do entorno até as relações e direitos dos trabalhadores e os processos de monitoramento e avaliação das operações. 

O FSC fornece também ferramentas para medir, verificar e comunicar seus impactos positivos no armazenamento de carbono, na proteção à biodiversidade, na conservação dos recursos hídricos e do solo e nos serviços recreacionais para possíveis investidores. 

Muito mais do que um selo verde, o FSC é um poderoso instrumento econômico de desenvolvimento sustentável e gestão ambiental.

Sem florestas saudáveis perderemos a luta contra as mudanças climáticas e a diminuição da biodiversidade. Além disso, não seremos capazes de contribuir para uma economia de base biológica e de baixo carbono.

Com uma visão mais ampla e de longo prazo, percebe-se que esse investimento se dilui e, mais do que isso, é o que garantirá a manutenção da nossa vida aqui na Terra.    

Sobre a marca:

O Forest Stewardship Council (FSC) é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, criada em 1994 para promover o manejo florestal responsável ao redor do mundo.