De Dubai a Belém: as ações do CEBDS para fazer do Brasil líder na transição para economia verde

Entidade busca ampliar participação das empresas no combate às mudanças climáticas articulando diferentes atores da sociedade

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Cebds

Conjunto de círculos de madeira com símbolos ligados à economia verde para simbolizar o conceito de redução de dióxido de carbono.
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O acordo histórico estabelecido na COP28, em Dubai, ampliou as perspectivas para a COP30, que acontecerá em Belém do Pará, em 2025, e colocou o setor privado num papel chave, já que boa parte da transição depende de investimentos privados.

“Foi uma COP memorável porque teve a maior participação da sociedade civil e de empresas de todas as COPs que eu já vi. Isso é muito importante. Essa pressão é que faz com que avancemos”, avalia Marina Grossi, presidente do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável).

Tendo a COP28 como ponto de partida, a entidade trabalha agora para unificar as estratégias do setor empresarial voltadas para a sustentabilidade.

O projeto “De Dubai a Belém e além”, realizado em parceria com o WBCSD (Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável), busca ampliar as ações das empresas comprometidas com o combate às mudanças climáticas e articular os diferentes atores da sociedade em torno desta agenda. 

Entre as iniciativas desenvolvidas no escopo do projeto, três se destacam pelo grau de inovação e impacto para o desenvolvimento sustentável: 

  • uma plataforma para acelerar a implementação de processos de descarbonização em todas as esferas das companhias e catalisar o comprometimento com a causa climática
  • uma coalizão para expandir o fluxo de capital na velocidade e escala necessárias para garantir a transformação ecológica na Amazônia por meio de blended finance
  • um estudo que busca oferecer clareza sobre práticas e métricas para a agricultura regenerativa e sugestões que possam subsidiar políticas públicas.

A Plataforma Net Zero (https://plataformanetzero.com.br) é a iniciativa do CEBDS que busca unir o setor privado em uma colaboração estratégica para acelerar a implementação de estratégias de descarbonização.

Uma de suas ferramentas é o Passo a Passo Net Zero, lançado durante a COP28 e que oferece um roteiro completo, que inclui diagnóstico, apoio no planejamento das ações, informações e até mesmo mensuração e estimativa de custos para a jornada de descarbonização. 

A ferramenta foi construída com a participação de mais de 40 organizações globais, entre elas WBCSD, Universidade de Oxford, BCG e McKinsey. 

Até 2030, a expectativa é de que aproximadamente 50 mil empresas utilizem o Passo a Passo Net Zero como referência, o que pode representar uma abrangência em torno de 30% das emissões globais de gases de efeito estufa. 

“A plataforma parte do reconhecimento de que o desafio da descarbonização não será alcançado apenas com esforços individuais das empresas”, diz Viviane Romeiro, diretora técnica de Clima, Energia e Finanças Sustentáveis do CEBDS. Ela defende que as empresas se apoiem mutuamente nessa jornada. 

Além disso, Romeiro ressalta que grandes empresas possuem recursos para investir em programas específicos para os seus processos de descarbonização. No entanto, encontram dificuldades quando se trata de engajar seus fornecedores externos, que fazem parte do “escopo 3”. 

“São as emissões indiretas, que fogem do controle daquela empresa e, basicamente, envolvem companhias menores, que concentram a maior parte das emissões.”

A plataforma foi desenvolvida justamente para apoiar as empresas nesse processo em relação ao engajamento com as cadeias de fornecedores.

Escalando o impacto 

Em uma segunda frente estratégica, o CEBDS assinou, durante a COP28, um acordo de cooperação para destravar fluxos financeiros voltados para iniciativas sustentáveis por meio de finanças híbridas (“blended finance”), com foco na Amazônia. Os parceiros são o Instituto Igarapé e a gestora de investimentos JGP.

A iniciativa prevê atribuições distintas entre os três parceiros: o CEBDS fará a articulação junto às empresas associadas para identificar e propor iniciativas sustentáveis. O Igarapé vai dar apoio no desenho, implementação, monitoramento e avaliação dessas iniciativas de finanças verdes selecionadas, atuando no território. 

Tanto o CEBDS quanto o Igarapé farão a mobilização de parceiros e potenciais doadores, financiadores, investidores nacionais e internacionais, assim como a articulação com o poder público e a sociedade civil. Já a JGP fará a estruturação e gestão dos mecanismos financeiros e aceleração de ativos.

“Transição justa é um grande desafio que a COP28 abordou. Como é que você coloca as pessoas no centro? É um novo modelo de desenvolvimento, voltado para as pessoas mais vulneráveis, os pequeno produtores, por exemplo, geralmente alijados do processo de financiamento tradicional dos grandes bancos”, diz Grossi, presidente do CEBDS. 

Ela acrescenta que a biodiversidade e a bioeconomia passam a ter um papel central nessa nova economia. “Queremos mostrar que o Brasil tem projetos muito bons e confiáveis. Toda a COP deixa um legado, e a conferência que acontecerá no Brasil precisa valorizar sobretudo a sociobioeconomia”, afirma.

O CEBDS vê como ponto central a necessidade de que o setor produtivo, o governo e a sociedade civil ajam de modo coeso na oferta de soluções para a transição energética. 

“A questão climática é a grande oportunidade para o Brasil se recolocar de maneira geopolítica e fazer a sua reindustrialização com bases mais limpas”, afirma Grossi.

“Temos uma matriz energética muito mais limpa do que a da maioria dos países. É preciso que a gente alie isso a um plano de reindustrialização, que traga realmente valor agregado à nossa economia.”

É aí que entra também a agricultura regenerativa como instrumento tanto para a mitigação da emissão de carbono no país como para o melhor aproveitamento do uso do solo. 

A falta de métricas e definições abrangentes, no entanto, dificulta o incentivo à prática, e é esta lacuna que o estudo do CEBDS “Agricultura Regenerativa no Brasil: Desafios e Oportunidades” busca ajudar a solucionar.

O material é fruto de três oficinas realizadas pela Câmara Temática de Sistemas Agroalimentares com setores público e privado, universidades e sociedade civil, e traz o apontamento de desafios e oportunidades para o setor.

São estratégias que ganharam tração durante a presença do CEBDS na COP28 e que deverão pautar discussões para a COP30, no Brasil. Para Grossi, a COP pode ser uma grande oportunidade para posicionar o país como fonte de soluções para o combate às mudanças climáticas e de iniciativas que promovam mais igualdade de oportunidades. 

“É preciso fazer o mundo compreender o potencial das soluções baseadas na natureza e também que é possível unir integridade climática, desenvolvimento econômico, garantias, monitoramento e transparência”, diz a presidente do CEBDS. 

Sobre a marca:

O CEBDS surgiu para capacitar o setor empresarial para um novo modelo de negócios e contribuir com a solução dos principais desafios enfrentados na atualidade.