COP29 e a construção da solidariedade

Entre as expectativas para a conferência do clima da ONU, em Baku, está a discussão sobre a Nova Meta Coletiva Quantificada, que trata do volume de financiamento climático destinado aos países em desenvolvimento

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COP29 e a construção da solidariedade
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A COP29 começa no dia 11 de novembro com uma novidade importante: ao longo dos meses que antecederam a conferência, Emirados Árabes Unidos (país anfitrião da COP28), Azerbaijão (anfitrião da COP29) e Brasil (anfitrião da COP30, no ano que vem) organizaram a chamada troika, para dar continuidade e coerência entre as três Conferências das Partes (COP).

O cenário internacional

Como se não bastasse a complexidade da agenda climática, a COP29 ocorre em meio a um cenário conturbado no contexto global. A continuidade dos conflitos entre Rússia e Ucrânia e a escalada das tensões no Oriente Médio geram também preocupações relacionadas à segurança energética, um dos maiores desafios da agenda climática. O caminho para uma transição que nos afaste dos combustíveis fósseis, conforme recomendação da COP28, fica mais sinuoso.

Existe ainda um risco de relativo esvaziamento da COP29. Vários líderes já sinalizaram que não comparecerão ao encontro. Convém lembrar que o Azerbaijão está hoje em uma das “zonas quentes” do mundo, já que é vizinho do Irã e da Rússia e mantém um histórico de tensões com outro vizinho, a Armênia.

Ainda que, de forma efetiva, as negociações se dêem entre diplomatas e funcionários dos governos, a presença das lideranças globais ajuda a dar o tom dos diálogos e até a impulsionar acordos.

Além de todos estes desafios, há também boas notícias: o mundo tem observado um crescimento acelerado na adoção de energias renováveis, cujo custo tem caído de forma bastante consistente, e a conscientização sobre o tema tem aumentado entre os mais diferentes atores.

Há expectativas de que 2024 seja o primeiro ano com redução nas emissões de carbono no setor de energia, e o Brasil, em particular, tem conseguido pautar discussões importantes como a construção de uma taxonomia sustentável, a regulamentação de tecnologias como o hidrogênio de baixo carbono e a própria regulamentação do mercado de carbono.

Agenda de oportunidades

O setor privado tem papel importante para influenciar as discussões e acelerar a transição climática. Por um lado, as empresas e a sociedade civil como um todo vão sofrer cada vez mais com os impactos econômicos das consequências das mudanças climáticas.

Tragédias como a do Rio Grande do Sul, no primeiro semestre, e a de Valência, no mês passado, além de secas e ondas de calor como as experimentadas ao longo do ano de 2024, devem se tornar mais frequentes em todo o mundo.

Por outro, a iniciativa privada também pode impulsionar o desenvolvimento de tecnologias capazes de mitigar as mudanças climáticas e contribuir para um futuro mais resiliente.

As empresas têm a possibilidade de mobilizar a sociedade, consumidores, investidores e até reguladores em torno do tema. A presença do setor privado também reforça que a preocupação com as mudanças climáticas, além de ambiental e social, também é econômica e essencial para o setor produtivo.

O Brasil tem um lugar de destaque nessa agenda, com uma vocação clara para energia limpa, agricultura sustentável e soluções baseadas na natureza podendo ser um farol para outras nações.

Embora o setor privado seja um importante agente na transição da economia, os Estados precisam definir regras e acordos globais para garantir um futuro sustentável. Há uma grande expectativa sobre a COP30, em Belém, candidata ao título de reunião mais importante desde o Acordo de Paris. No entanto, os avanços da COP29 serão fundamentais para preparar o terreno para a conferência no Brasil.

* Luciana Nicola é diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade do Itaú Unibanco.

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