A Vale apresentou na noite de ontem os 12 nomes indicados para compor seu conselho de administração e que serão levados para assembleia de acionistas no fim de abril — a primeira da mineradora como ‘full corporation’, de capital pulverizado.
Elaborada por um comitê independente de nomeação, a lista era amplamente aguardada pelo mercado.
A pressão é por um conselho mais independente e menos ligado a Previ, Petros, Funcef, Bradespar e Mitsui — que formavam o antigo bloco de controle e hoje ainda concentram 21% de participação —, e também mais plural em competências que apenas o viés financeiro.
Dos 12 nomes que serão submetidos aos acionistas, foi proposta uma renovação de cinco membros. Ao todo, são 8 independentes no colegiado, mais que o piso de 7 proposto em alteração de estatuto, e o número de mulheres passou de dois para três. (Há um 13º assento, ocupado por um indicado dos empregados)
Entre os novos nomes está Elaine Dorward-King, executiva australiana que fez carreira de mais de 20 anos em mineração na Rio Tinto, onde foi a líder global de segurança, saúde e meio-ambiente entre 2002 e 2010, que veio para suprir a lacuna evidenciada pela tragédia de Brumadinho.
Clinton Dines, ex-presidente da BHP Billiton na China, onde vive desde 1979, foi indicado pelo conhecimento da dinâmica do setor no país asiático. Outro executivo veterano do setor de mineração indicado para o conselho é Ollie Oliveira, que atuou na área financeira e de estratégia de mineradoras como Anglo American e De Beers, incluindo experiência no Brasil.
Fora do setor de mineração, foi indicada também Maria Fernanda Teixeira, executiva com larga experiência na área de tecnologia, tendo atuado em empresas como First Data, ICT Group e EDS.
Numa troca menos estratégica, Ken Yasuhara, representante da Mitsui que já era suplente, foi indicado como titular no lugar de Oscar de Camargo Filho.
Para a presidência do conselho, foi apontado José Luciano Duarte Penido, ex-presidente da Samarco e conselheiro independente que já faz parte do board desde maio de 2019, com forte atuação na gestão de crise e na estratégia ESG da Vale depois da tragédia de Brumadinho.
Pelas novas regras propostas na reforma do estatuto da Vale, o presidente que antes era escolhido pelo próprio conselho, agora será votado pelos acionistas em assembleia.
Fernando Buso, da Bradespar, que também já faz parte do colegiado, foi indicado a vice-presidente.
O atual presidente do conselho, José Maurício Coelho, presidente da Previ, foi indicado para continuar no colegiado, embora não mais na presidência. A proposta é que os atuais conselheiros Murilo Passos, Roger Downey, Eduardo Rodrigues Filho e Sandra Guerra tenham o mandato renovado.
Essa será a primeira assembleia da Vale em que a formação do conselho será feita em lista, com aprovação dos candidatos um a um e não na forma de chapa. A mineradora tentou emplacar uma mudança no estatuto para permitir o voto contrário, que vetaria a entrada de candidatos com mais votos contra que a favor, mas voltou atrás após forte grita do mercado e parecer contrário da CVM.
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