O CFA Institute apresentou uma proposta preliminar para padronizar o disclosure de fundos ESG, numa tentativa de trazer ordem ao caos e permitir que os investidores comparem as estratégias de cada produto financeiro e como elas se relacionam com as suas necessidades.
Trata-se do primeiro padrão para rotulagem de fundos ESG proposto por uma organização independente e global, e conta com o endosso de uma instituição de peso, respeitada em todo o mundo.
“Com o nível de respeito que o CFA tem, vejo um padrão que emerge de lá como tendo um bom potencial para ser adotado ou servir de referência em países onde essa questão não vai ser regulada pela CVM local”, diz Gustavo Pimentel, sócio da SITAWI Finanças do Bem.
A União Europeia já vem trabalhando numa rotulagem para gestoras e fundos sustentáveis dentro do seu pacote de taxonomia verde, por meio da Sustainable Financial Disclosure Regulation (SFDR).
E alguns outros países já têm regulações locais, como a França, onde os fundos de investimento precisam, por exemplo, divulgar a pegada de carbono do portfólio na lâmina disponível para os investidores.
A intenção não é se sobrepor a essas regulações, mas complementá-las, diz o CFA Institute no paper de consulta.
“O objetivo é ajudar os investidores a entender como e por que os fatores ESG são incorporados a um produto e estratégia de investimento e como isso pode atender às suas necessidades, quaisquer que elas sejam, o que pode ir além da sustentabilidade ambiental”, disse o diretor de padrões globais do CFA Institute Christopher Fidler em coletiva de imprensa de lançamento do documento.
Na proposta preliminar do CFA Institute, os gestores precisam apontar se o fundo segue uma de seis características (“features”) relacionadas a ESG, que referem-se a estratégias comuns de gestão: integração ESG; exclusões relacionadas a ESG; best-in-class; foco temático relacionado a ESG; objetivo de impacto; e proxy voting, engajamento e stewardship.
Um fundo pode adotar mais de uma abordagem. Para cada um dos componentes, o CFA sugere que sejam divulgados atributos, benefícios, alinhamentos e exemplos de aplicação.
A intenção do padrão em gestação não é definir o que constitui um fundo ESG ou produto com estratégia sustentável, nem determinar qual das diversas abordagens é melhor:
“Em vez disso, o padrão vai estabelecer padrões de disclosure para que os investidores possam entender mais facilmente quais as características oferecidas por um produto de investimento e fazer as comparações com outros”, diz a organização no documento.
Diferentemente do padrão em elaboração pela União Europeia, a classificação se aplica a fundos e não a gestoras ou instituições financeiras como um todo, e avaliadores independentes vão assegurar se os produtos seguem as abordagens divulgadas.
O paper está disponível no site do CFA Institute, que receberá comentários e contribuições até 19 de outubro. A ideia é publicar uma versão inicial do padrão de disclosure já em maio do próximo ano.