O Bradesco fechou há pouco a emissão de letras financeiras verdes, o primeiro ‘green bond’ de um dos maiores bancos privados brasileiros, conforme o Reset antecipou.
Com boa demanda dos investidores locais por papéis com apelo ambiental, a colocação superou em 20% o volume inicialmente previsto e chegou a R$ 1,2 bilhão. O prazo é de 30 meses e a remuneração ficou em CDI mais 0,6% ao ano.
“Estamos preocupados com uma economia de baixo carbono e a emissão é um avanço natural da gestão de sustentabilidade do banco, que veio amadurecendo ao longo de 2020”, diz Cassiano Scarpelli, diretor vice-presidente do banco.
No total, cinco grandes assets levaram o papel, que teve um excesso de demanda entre duas a três vezes o volume colocado. “Os investidores aos poucos vão entendendo o ESG e hoje no Brasil ainda há uma falta de ativos”, diz Scarpelli.
Diante da demanda atingida, ele acredita que o banco deverá fazer outras emissões semelhantes no próximo ano. Hoje, o Bradesco não tem tantos projetos elegíveis em sua carteira de crédito para direcionar recursos de novas emissões verdes, mas o executivo acredita que isso deve mudar.
“A energia limpa é o futuro e a pressão para reduzir o uso de combustíveis fósseis está crescendo. Será uma questão de a economia andar para gerar novos projetos.”
Os recursos captados agora serão alocados para projetos de geração solar e eólica já existentes na carteira de crédito do banco.
A tendência é que futuras emissões verdes venham principalmente por meio de letras financeiras. “É um instrumento de que o banco gosta, que permite o alongamento do passivo, e que agora está linkado com a possibilidade de ser verde.”
Mas ele não descarta outros tipos de ‘green bonds’, inclusive no mercado externo.
O banco está pronto para qualquer dessas emissões, uma vez que desenvolveu um framework de finanças climáticas que foi validado em parecer de segunda opinião da consultoria Sitawi.
Segundo o framework, os recursos das emissões verdes poderão ser dedicados ao financiamento ou refinanciamento de projetos de geração de solar, eólica, biomassa, biocombustíveis e hidrelétricas; eficiência energética e operacional; transporte limpo; e edifícios verdes. São considerados elegíveis o saldo de operações fechadas nos 24 meses anteriores à emissão do título e financiamentos feitos entre a data de emissão do título e o seu vencimento.
(Crédito da foto: Anna Jimenez/Unsplash)