COP

ONU cobra de líderes metas climáticas com ambição

Em cúpula virtual, secretário-geral António Guterres faz apelo por cortes de emissões significativos em planos nacionais de descarbonização

ONU cobra de líderes metas climáticas com ambição

Em uma reunião de cúpula virtual realizada na manhã desta quarta-feira (23), o secretário-geral da ONU, António Guterres, cobrou das lideranças nacionais novas metas climáticas ambiciosas.

O objetivo do encontro, proposto por Guterres e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi reforçar a importância de que os planos nacionais de descarbonização sejam entregues antes da COP30, que acontece em novembro, em Belém, e incluam reduções de carbono significativas até 2035.

Esses documentos são conhecidos como NDCs, sigla em inglês para contribuições nacionalmente determinadas. Todos os países signatários do Acordo de Paris têm o dever de entregar o seu.

O prazo original para o depósito dos planos se esgotou em fevereiro, mas ele foi cumprido por somente cerca de 10% dos quase 200 países que participam da cooperação climática global.

A expectativa é que todos os planos sejam entregues até setembro. Isso permitiria uma análise do conjunto das ambições globais diante das reduções de CO2 necessárias para manter viável o limite de 1,5°C no aumento da temperatura global, na comparação com a era pré-industrial.

O Brasil foi o segundo país a apresentar sua NDC. Ela prevê que em 2035 o país terá alcançado uma redução de 59% a 67% das emissões de gases de efeito estufa, ante o ano-base 2005. O compromisso é chegar à neutralidade de carbono em 2050.

Conter o desmatamento é a chave: a destruição da natureza é responsável por cerca de metade do CO2 que o país lança na atmosfera. Mas o plano brasileiro abrange toda os setores da economia e todos os gases de efeito estufa, não somente o dióxido de carbono.

Essas duas características não são obrigatórias, já que os países são soberanos para decidir como vão contribuir na luta contra a mudança do clima.

A NDC da China, maior emissor do mundo hoje e segundo maior em termos históricos (depois dos EUA), será como a brasileira: contemplará a economia inteira e todos os gases-estufa, afirmou Guterres a jornalistas após a cúpula online.

É uma notícia positiva, especialmente diante da iminente saída dos americanos do Acordo de Paris. O ex-presidente Joe Biden anunciou o plano de descarbonização americano em dezembro, no fim de seu mandato. Mas está claro que sob a gestão Donald Trump o país não vai fazer esforço nenhum para cumprir o prometido.

Esta é outra fragilidade do sistema em vigor hoje: não há penalização nenhuma para os países que não honrem seus compromissos.