Doações filantrópicas devem garantir que os países mais pobres consigam vir a Belém apesar dos altos custos de acomodação. Uma análise sobre o Plano Clima apresenta lacunas na redução de emissões, e as obras do “cartão de visitas” da capital paraense estão atrasadas. Confira as principais notícias da semana sobre a conferência do clima.

Vaquinha

Doações de entidades filantrópicas vão permitir que a ONU subsidie a hospedagem de delegações de países pobres em Belém. A informação foi dada pelo presidente da COP30, André Corrêa do Lago, em conversa com jornalistas na manhã desta quinta-feira (23).

Os recursos vão garantir três quartos para cada país que precisa de ajuda financeira para arcar com os altos custos de acomodação na capital paraense. São nações como as que integram o bloco negociados dos Países Menos Desenvolvidos (LDCs, na sigla em inglês)  e pequenos Estados-ilha.

O valor da doação e as entidades que contribuíram com os recursos não foram divulgados.

Dress code: sem gravata

O embaixador Corrêa do Lago também afirmou que o dress code de Belém será relaxado. “Será uma COP sem gravata”, disse ele a jornalistas. “Isso adiciona uma certa informalidade, no melhor sentido da palavra, uma informalidade brasileira.”

Ana Toni, diretora-executiva da conferência, brincou que se trata de uma medida de adaptação dado o calor de Belém. “Mostra que é uma COP de implementação.” A notícia sobre a liberação das gravatas foi dada ao final de conversa com jornalistas sobre adaptação climática, tema de uma nova carta da liderança da conferência.

Starmer não vai furar

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, confirmou presença na COP30, após semanas de indefinição. A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (20) e marca a reafirmação do compromisso do governo trabalhista com as metas de emissões líquidas zero.

A incerteza tinha a ver com disputas internas no Partido Trabalhista. Mas o premiê contrariou a opinião de seus aliados, que defendiam foco na política doméstica, segundo o Financial Times. Starmer estará em Belém, nos dias 6 e 7 de novembro, para a Cúpula dos Líderes. 

O plano está no papel

Um dos desafios do Brasil na COP30 vai ser mostrar a implementação do Plano Clima, o principal instrumento de política climática do país, segundo o estudo Política Climática por Inteiro, do Instituto Talanoa.

O relatório aponta que muitas áreas ainda carecem de medidas concretas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O Plano apresenta lacunas importantes, como a falta de estimativa clara do custo de implementação, a ausência de políticas para reduzir as emissões da agropecuária e a possibilidade de aumento das emissões nos setores de energia, indústria e transportes – estimadas em até 44%, 34% e 16% até 2035, respectivamente.

Para o instituto, o Brasil ainda não sinalizou uma transição energética verde e se mostra dependente do petróleo.

Na mira do TCU

Parque da Cidade, onde será realizada a COP

O Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que o governo Lula não realizou pesquisa de preços nem apresentou justificativas suficientes para escolher a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) para a montagem da COP30. 

Apesar das falhas, o TCU decidiu não suspender o contrato, para não impactar os preparativos do evento e a imagem do país. A Secretaria da COP30 disse em nota que a contratação da OEI “foi amparada por acordo internacional ratificado pelo Brasil e regido pelo direito internacional”.

A OEI, com sede em Madri e escritórios regionais em diversos países, já era parceira do governo brasileiro em outras ações. Em janeiro, a entidade abriu licitação para contratar empresas responsáveis pela montagem das estruturas temporárias da COP que abrigarão a Zona Azul, onde ocorrem as negociações oficiais.

Cartão de visitas inacabado

Faltando menos de 20 dias para a COP30, só um terço das obras do Parque Urbano Igarapé São Joaquim – apontado pela Prefeitura de Belém como o “cartão de visitas” da cidade por estar no caminho entre o aeroporto e o centro – foi concluído, segundo a própria administração municipal.

O projeto, orçado em R$ 174 milhões, tem R$ 150 milhões financiados pela Itaipu Binacional, que reconheceu o atraso e disse, em nota, estar notificando a prefeitura. Os investimentos da usina em obras de infraestrutura na cidade voltadas ao evento somam R$ 1,3 bilhão. As informações são da Folha de S. Paulo

A primeira etapa deve ficar pronta até o início da conferência, mas ações de saneamento e urbanismo nos bairros vizinhos foram empurradas para depois do evento, informou a prefeitura.

Programação do Brasil

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e a Casa Civil divulgaram a programação oficial dos pavilhões brasileiros na COP30, tanto na Blue Zone (Zona Azul) – onde ocorrem as negociações oficiais – quanto na Green Zone (Zona Verde), espaço aberto ao público, dedicado a exposições, atividades culturais e eventos paralelos. 

Ao todo, serão 286 eventos, realizados entre 10h e 19h durante os dias da conferência.

Na Blue Zone, os debates vão tratar da implementação da NDC brasileira no âmbito do Acordo de Paris e da cooperação internacional. Já na Green Zone, o foco estará em temas nacionais, como a execução do Plano Clima, que orientará as ações do país para enfrentar a crise climática até 2035.

Correios de baixo carbono

Para dar conta do vai e vem de correspondências nacionais e internacionais, o evento vai contar com três pontos de serviço postal e de armazenamento em Belém. Toda a operação logística será feita com veículos elétricos para minimizar as emissões de carbono. 

Quem assumiu essa missão foram os Correios, que vão atender delegações, expositores e parceiros da conferência. A estatal vai operar três centros de serviços postais e logísticos na cidade: dois dentro do Parque da Cidade (Zonas Azul e Verde) e um galpão de 2.500 m² no bairro Telégrafo.