‘Carro voador’ da Embraer levanta voo na bolsa de Nova York

Eve, empresa que desenvolve eVTOLs, conclui fusão com companhia cheque em branco e estreia com queda nas ações

Faixa da Eve estendida na fachada da Bolsa de Valores de Nova York
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A Eve, spinoff de ‘carros voadores’ da Embraer, estreou hoje na bolsa de Nova York, dias depois de concluída sua fusão com a Zanite, uma companhia cheque em branco, também conhecida como SPAC.

Com o código EVEX, as ações da startup abriram a US$ 10,35 e eram negociadas a cerca de US$ 8,50 na metade do pregão.

A Eve está desenvolvendo eVTOLs, como são chamadas as aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical. Lilium, Archer Aviation, Joby Aviation e Vertical Aerospace, algumas de suas concorrentes nesse segmento nascente da indústria aeroespacial, já abriram o capital.

“Essa transação será chave em nossa missão para ser uma das líderes em um mercado potencial de US$ 760 bilhões”, afirmou o co-CEO da Eve, André Stein.

Com sede em Fort Lauderdale, na Flórida, a Eve projeta um faturamento de US$ 4,5 bilhões em 2030 ­– caso suas aeronaves recebam aprovação das autoridades regulatórias.  A empresa espera que isso aconteça em 2025, com os primeiros voos comerciais no ano seguinte.

A empresa era avaliada em US$ 2,4 bilhões antes da abertura do mercado. De acordo com analistas do Itaú BBA, esse valor indicaria um múltiplo de 8,5 vezes o Ebitda esperado em 2028, enquanto os papéis dos concorrentes eram negociados a uma média de 1,1 vez o Ebitda de 2026.

As fabricantes de eVTOL vêm sofrendo na bolsa, com as incertezas em relação à economia global e uma postura de cautela diante de negócios ainda não comprovados.

Com 90% do capital nas mãos da Embraer, entretanto, a Eve corre menos riscos de execução, afirma a nota do Itaú BBA. A empresa tem acesso ao conhecimento acumulado da fabricante de aviões tanto em engenharia quanto nos processos regulatórios.

A Eve conta com cerca de 1.800 pedidos em carteira – mesmo que não sejam encomendas 100% confirmadas, o número é superior ao da maioria das concorrentes.

O modelo de negócios da companhia se baseia na venda das aeronaves (55% das receitas), com uma contribuição importante da venda de serviços (26%) e também da operação dos voos (18%).

Outras, como a americana Archer Aviation, apostam numa completa verticalização: da fábrica até a oferta do serviço de táxi aéreo.

A esperança da Eve e das suas competidoras é que os eVTOLs (sigla em inglês para aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical) façam crescer de forma significativa a indústria da mobilidade aérea urbana, hoje restrita aos helicópteros.

Inicialmente, eles devem voar em rotas fixas de alto volume, como a ligação entre o centro de grandes cidades e aeroportos. Com custos de fabricação, operação e manutenção mais baixos que os dos helicópteros, a expectativa ­é que no médio prazo os eVTOLs possam oferecer preços competitivos com táxis.

Embora sejam chamadas coloquialmente de ‘carros voadores’, essas aeronaves terão pelo menos um piloto profissional. A visão é que um dia eles possam voar de forma autônoma, e só então poderiam em tese merecer esse apelido.

Na semana passada, a Eve concluiu uma bateria de testes no Rio de Janeiro para avaliar sistemas de voo autônomos – mas essa é ainda uma realidade distante.