A Apple anunciou que seu fundo de US$ 200 milhões para créditos de carbono vai financiar três projetos de restauração florestal combinada com exploração sustentável de madeira no Brasil e no Paraguai.
A gigante da tecnologia selecionou a gestora florestal brasileira Symbiosis, fundada pelo ex-banqueiro Bruno Mariani, do banco BBM; o banco BTG, por meio do Timberland Investment Group, braço de investimentos em ativos florestais; e a consultoria alemã Arbaro Advisors para implementar os projetos. O foco é a Mata Atlântica.
O valor dos investimentos não foi divulgado. A Apple tem dois veículos dedicados a investimentos em natureza com geração de créditos de carbono, ambos batizados de Restore Fund, com um total de US$ 480 milhões comprometidos.
O primeiro deles, lançado em 2021 com um aporte inicial de US$ 200 milhões da fabricante do iPhone, é administrado pelo Goldman Sachs e tem parceria com a ONG Conservação Internacional.
O segundo foi anunciado em 2023, com outros US$ 200 milhões da companhia. A gestão está a cargo da Climate Asset Management, uma joint-venture do HSBC com a consultoria Pollination.
Dois fornecedores da Apple se juntaram a este veículo mais recente. A TSCM, maior fabricante de chips do mundo, de Taiwan, vai colocar até US$ 50 milhões, e a japonesa Murata, que fabrica componentes do iPhone, até US$ 30 milhões.
Ambos os fundos investem em projetos de recuperação de áreas degradadas com o plantio de árvores de valor comercial, exploradas de forma sustentável, e que gerem benefícios sociais e de biodiversidade.
“Quando empresas investem na natureza, também estão investindo em comunidades mais saudáveis, uma economia global mais resiliente e uma ferramenta essencial na luta contra a mudança climática”, afirmou a vice-presidente de meio ambiente da companhia, Lisa Jackson, em nota.
As iniciativas são avaliadas regularmente para “monitorar as mudanças e o crescimento da floresta, lidar com incêndios e outros potenciais riscos e verificar o estoque de carbono”, de acordo com o comunicado da empresa.
A ideia é permitir que a comercialização da madeira garanta os recursos necessários para a restauração e posterior preservação das áreas recuperadas.
Fundada em 2008, a Symbiosis trabalha com a cadeia completa da restauração, da coleta de sementes ao plantio e gestão das áreas. O objetivo da companhia para este ano é plantar mais de 1 milhão de mudas, em 1.000 hectares. Já o Timberland Investment Group (TIG), do BTG, criou a Landscape Capital para recuperação de pastagens degradadas e plantio de florestas, comerciais e nativas.
O objetivo declarado do Restore Fund é remover do ar 1 milhão de toneladas de CO2 até 2025. A Apple se comprometeu a zerar a emissões líquidas de gases de efeito estufa de toda a sua cadeia de suprimentos até 2030.
Os créditos de carbono serão utilizados para compensar os 25% das emissões que não puderam ser efetivamente cortadas, segundo os cálculos da companhia.