O BTG Pactual acaba de emitir US$ 50 milhões em green bonds, numa venda privada para um investidor institucional estrangeiro, engrossando a ainda curta fila de bancos brasileiros que acessaram o mercado via títulos verdes.
O BV emitiu US$ 50 milhões em março, também em uma operação privada internacional. No âmbito público, o BNDES estreou as emissões verdes do setor financeiro em 2017 e acessou o mercado nacional para captar R$ 1 bilhão no mês passado.
“É natural que o mercado comece mais pelos emissores tradicionais e vá ganhando capilaridade para os intermediários, como os bancos”, afirma Caio Zanette, da área de operações estruturadas do BTG. “Na Europa essa já é uma realidade para os bancos, que deve chegar aos poucos ao Brasil, na medida em que a demanda por esse tipo de papel cresça”.
A emissão feita agora partiu da provocação do próprio investidor — do qual o BTG não revela o nome —, que sondou sobre uma operação do tipo ainda no começo do ano e voltou com a demanda mais recentemente com a redução das incertezas provocadas pela pandemia, diz Zanette.
Os títulos têm prazos de cinco anos e saíram com juros de 3,3% ao ano.
Os recursos poderão ser usados para financiar projetos de energias renováveis, eficiência energética, saneamento, transporte limpo e prédios verdes.
Apesar de relativamente pequena, a emissão anunciada hoje deixa o BTG pronto para novas emissões rotuladas.
Nos últimos meses, o BTG trabalhou num framework para definir padrões para emissão e destinação de recursos captados com títulos verdes, sociais e sustentáveis (que englobam características verdes e sociais), com a consultoria da Climate Bonds Initiative (CBI), referência global no assunto.
O parecer de segunda opinião, atestando a qualidade dos critérios, veio da Sustainalytics.
“Essa emissão está em linha com a nosso objetivo de aumentar o financiamento sustentável no país”, diz Patrícia Genelhu, head de investimentos sustentáveis e de impacto do banco. A área foi criada no começo deste ano.
Segundo o relatório de sustentabilidade, em 2019 o BTG tinha R$ 10 bilhões em ativos relacionados à economia verde no seu portfólio de crédito, o equivalente a cerca de 18% do total.
O setor de combustíveis fósseis e seus derivados representava 6,7% da carteira de crédito, somando R$ 3,6 bilhões.
No terceiro trimestre, a exposição da carteira de crédito ligada à economia verde era de R$ 15,9 bilhões, de acordo com números divulgados na última publicação de resultados.
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