Em carta a Lula e Petro, lideranças pedem ‘ano de ação’ por clima e natureza

Christiana Figueres, Mary Robinson, Paul Polman e João Paulo Ferreira estão entre os signatários do texto endereçado aos presidentes brasileiro e colombiano

Em carta aberta aos presidentes Lula e Gustavo PEtro (Colômbia), lideranças pedem ano de ação por clima e natureza
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Cali, Colômbia – Nomes já conhecidos na sustentabilidade, um grupo com mais de 70 lideranças de diferentes esferas da sociedade publicou uma carta aberta endereçada ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro, com um apelo para que os líderes trabalhem em conjunto pelo “ano de ação pelo clima, natureza e transformação alimentar”.

“Como anfitriões da COP16 [da Biodiversidade] e da COP30 [do Clima], Colômbia e Brasil podem criar uma Parceria Latino-Americana que mostre ao mundo a conexão entre o clima e a natureza”, traz o texto. Também há um pedido para que os esforços para proteção da natureza estejam alinhados com a ação climática, e que considerem “a urgente transformação dos sistemas alimentares” nos avanços para um futuro mais sustentável. 

Entre os signatários, estão Paul Polman, ex-CEO da Unilever, Christiana Figueres, uma das principais arquitetas do Acordo de Paris, o vice-presidente de ação climática da Salesforce, Tim Christophersen, e o ex-chefe do fundo de pensões estatal do Japão, o GPIF, Hiromichi Mizuno. Empresas como Unilever, Ajinomoto, Danone e Nestlé apoiaram institucionalmente. 

Do Brasil, destacam-se o CEO da Natura, João Paulo Ferreira, a fundadora do Instituto Talanoa e colunista do Reset, Natalie Unterstell, o cientista professor Carlos Nobre, a liderança indígena Cristiane Julião Pankararu, e representações da sociedade civil, como a Coalizão Brasil Clima Floresta Agricultura e o SOS Mata Atlântica. 

O documento chega em um momento crítico para essa discussão, enquanto quase 200 países negociam a implementação do Marco Global da Biodiversidade e se preparam para apresentar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) do clima atualizadas.

Junto à carta, a coalizão global Nature4Climate acaba de publicar um novo estudo no qual analisou 1300 políticas de 190 países. Desde o Acordo de Paris, em 2015, apenas um terço das políticas feitas que trazem alguma relação com a natureza tiveram orçamento alocado. 

O grupo de empresários, investidores, cientistas, povos indígenas, lideranças jovens e ONGs pede ações para que três resultados sejam alcançados: fortalecer as NDCs em linha com os planos e estratégias nacionais para biodiversidade; aumentar o financiamento para iniciativas que protejam a natureza; e garantir a participação plena e efetiva de agricultores, povos indígenas e comunidades locais no desenvolvimento de projetos.

Confira aqui a carta na íntegra, em inglês, e a lista de signatários.