Salesforce quer regulação para emissões de carbono da IA

Avanço da inteligência artificial pode levar data centers a consumir 4,5% de toda a eletricidade gerada globalmente; gigante de software defende métricas padronizadas 

Salesforce quer regulação de emissões para inteligência artificial
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A Salesforce, líder global em software corporativo, está articulando um lobby para estabelecer compromissos sustentáveis e climáticos para inteligência artificial nos Estados Unidos. 

A companhia publicou, nesta segunda-feira, seus ‘Princípios de Política de IA Sustentável’, um guia com o que considera as melhores práticas para minimizar o impacto ambiental causado por IA e para estimular a inovação climática. O documento é voltado para legisladores e reguladores.

Os data centers que abrigam as diferentes IAs têm alto consumo de energia e água, tipicamente usada no resfriamento dos servidores. Eles são responsáveis pelo uso de 1,5% da eletricidade gerada ao redor do mundo. Essa parcela deve subir para 4,5% até 2030, de acordo com dados usados pela Salesforce. 

“Diante da escalada da crise climática, a IA tem potencial para exacerbar e aliviar os desafios ambientais. As estruturas políticas devem encontrar um equilíbrio entre a maximização dos benefícios da IA e a mitigação do seu impacto ambiental, garantindo um futuro equitativo e sustentável para todos”, diz a empresa no documento publicado hoje. 

As orientações para governantes vêm em duas frentes: gerenciamento e medição de impactos ambientais pela IA e aceleração de inovação climática com IA. 

Para isso, foram identificados três pontos de prioridade para cada categoria, respectivamente:

  1. Exigir a divulgação de emissões de CO2 associadas à IA, com métricas padronizadas para medir e reportar o impacto ambiental dos sistemas, de forma que os provedores de modelos de IA divulguem a eficiência energética e a pegada de carbono associadas ao desenvolvimento de sua operação;
  2. Considerar o impacto ambiental ao determinar os riscos de sistemas de IA e classificar modelos considerados de alto risco por causa do alto consumo de eletricidade; 
  3. Estabelecer padrões de eficiência para sistemas de IA considerados de alto risco, o que pode incluir o aproveitamento de redes de transmissão que utilizam energia renovável;
  4. Aprimorar modelagem climática, análise de dados e capacidades de previsão, com bancos de dados ambientais de código aberto; 
  5. Incentivar parcerias público-privadas, com colaboração entre governo, empresas e academia; e
  6. Estimular a inovação impulsionada pela IA, com o uso de subsídios e incentivos para aplicações dessa tecnologia em questões ambientais. 

Antes mesmo do esforço estratégico anunciado hoje, a Salesforce começou a divulgar métricas de uso de energia e pegada de carbono no desenvolvimento de modelos de IA em dezembro. A empresa compartilhou ferramentas que a auxiliaram a treinar modelos em data centers com menor emissão de CO2. 

Em uma nova iniciativa, também anunciada hoje, cinco organizações sem fins lucrativos foram selecionadas pela Salesforce para receber apoio no desenvolvimento de soluções nas áreas de mitigação, adaptação e finanças climáticas, e receberão juntas a doação de US$ 2 milhões. São elas: Good360, Climate Collective Foundation, Groundswell, Ocean Risk and Resilience Action Alliance e WattTime.

Outras big techs, como Microsoft e Google, também já demonstraram preocupação com o tema e apostam no uso crescente de energias renováveis em seus data centers

Também nesta segunda-feira, Sam Altman, CEO da OpenAI – líder do segmento e desenvolvedora do ChatGPT –, e outros investidores anunciaram o aporte de US$ 20 milhões na Exowatt, uma startup que desenvolve módulos para armazenamento de energia fotovoltaica para ser usada nos centros de processamento de dados. A informação é do Wall Street Journal.

Ao mesmo jornal, Rene Haas, CEO da fabricante chips ARM, afirmou recentemente que o volume de energia a ser consumido por IA vai se tornar insustentável. “Quanto mais informação elas coletam, mais inteligentes ficam, mas para coletarem mais informações e ficarem mais inteligentes, mais energia é necessária”, disse.