Cali, Colômbia – No décimo dia da COP16 da Biodiversidade, é preciso dizer: ninguém aguenta mais a comida da Zona Azul – local onde ocorrem as negociações e os principais eventos da conferência da Convenção de Diversidade Biológica (CDB).
O número de reclamações da comida pelos corredores só é menor que o da qualidade da internet, à parte o andamento das negociações.
Os restaurantes e barracas de comida concentram opções de fast food. Hambúrgueres, pizzas, kebabs e crepes é o que mais se vê, enquanto arepas, empanadas e outras comidas colombianas ficaram de fora do cardápio.
Verde no prato
Quem busca uma opção saudável precisa ter disposição para esperar na fila do único restaurante em que esse é o prato principal. “Minha pressão já está até baixa, mas só de pensar nessa comida me dá um desânimo… Não tem uma verdura, uma fruta”, lamenta uma fonte ao fim da entrevista.
Alguns recorrem às maçãs verdes do Espaço Brasil, espaço onde ocorre a programação do Ministério do Meio Ambiente. Fora isso, as frutas aparecem em geléias, cremes e sorvetes.
Aos veganos, boa sorte
Quem chega à Zona Azul de carro precisa fazer uma curta caminhada até a entrada da conferência. A primeira coisa que se vê é uma placa com os dizeres “O consumo animal está destruindo a biodiversidade.”
Mas, uma vez que se passa pela portaria, as opções para quem não come carne são, basicamente, arroz com falafel, crepe com queijo ou um sanduíche com queijo, alface e tomate.
Nem o restaurante de saladas resolve, já que as opções de proteína são carne de porco e galinha. “Estou fazendo meus sanduíches em casa e trazendo na bolsa para evitar o desgaste”, diz outra pessoa.
A contradição
Na COP16, são vários os painéis que debatem a importância da biodiversidade na transformação de sistemas alimentares, e de que ela seja também refletida no prato.
Dentro do Centro de Eventos Valle del Pacífico e pelas ruas de Cali, há cartazes que destacam que “nem todo o verde é diverso” e lembram dos problemas causados pelas monoculturas – como empobrecimento do solo e uso excessivo de fertilizantes.
Para a COP30 de Belém, que ocorre no ano que vem, organizações da sociedade civil já lançaram uma iniciativa com o pedido para que a alimentação servida na conferência seja à base de alimentos agroecológicos e valorize a cultura local, noticiou o Valor.