Após lucro recorde, BP recua na transição energética

Petroleira britânica volta atrás na meta de reduzir em 40% a produção de combustíveis fósseis até 2030

Logotipo da petroleira britânica British Petroleum
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A britânica BP, petroleira que tinha anunciado os compromissos mais ambiciosos de redução da produção de petróleo e gás natural de olho no mundo pós-carbono, está tirando o pé do acelerador em sua estratégia de transição.

O corte de 40% na produção de combustíveis fósseis previsto para 2030 agora será de apenas 25%. O motivo é a instabilidade no mercado global de energia desde a invasão da Ucrânia pela Rússia – que se traduziu em recordes de lucratividade para o setor de petróleo.

A BP anunciou nesta terça-feira o melhor resultado anual de seus 114 anos de história: US$ 27,7 bilhões, mais que o dobro do registrado em 2021.

Shell e Exxon também anunciaram resultados recordes nos últimos dias: US$ 40 bi e US$ 56 bi, respectivamente.

A empresa tinha o plano mais ousado de transformação entre as grandes petroleiras. Anunciada com pompa há três anos pelo CEO Bernard Looney, a estratégia foi apontada como um norte para as rivais: investir em fontes de energia limpa seria um futuro inevitável.

Às vésperas do primeiro aniversário do conflito na Europa, entretanto, o discurso mudou. “Os governos e sociedades do mundo todo pedem que empresas como a nossa invistam no sistema de energia que temos hoje”, afirmou Looney ao Financial Times.

Ele afirmou que o objetivo final da companhia segue inalterado e que o dinheiro acumulado agora será utilizado na transição. A BP anunciou um investimento adicional de US$ 8 bilhões em tecnologias verdes até o fim da década.

Mas o mesmo valor será dedicado a extrair mais óleo e gás. O corte nas emissões de gases de efeito estufa da empresa, que era estimado entre 35% e 40% em 2030 (em comparação com 2019), agora deve ficar entre 20% e 30%.

O compromisso com a neutralidade de carbono em 2050 está mantido, disse Looney. Faltou explicar o caminho para chegar lá. 

Para que o mundo limite o aumento da temperatura a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais, evitando as consequências mais duras do aquecimento global, é preciso cortar pela metade as emissões de carbono até 2030 e atingir a neutralidade até 2050.